Susana Travassos lança tango em videoclipe e faz digressão na Argentina (com vídeo)

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Gravado em Buenos Aires, o terceiro disco de Susana Travassos, Pássaro Palavra estreia-se agora na Argentina, enquanto lança novo videoclipe: o tango Naranjo em flor revisto pelo pianista e compositor argentino Diego Schissi.


O terceiro disco da cantora algarvia Susana Travassos foi gravado na Argentina, mas só agora se estreia naquele país. Lançado este ano, em Fevereiro, Pássaro Palavra foi gravado em Buenos Aires e nele participam alguns dos melhores instrumentistas argentinos de hoje: Alan Plachta (guitarras e produção), Tiki Cantero (percussão), Mariano Malamud (viola), Nacho Amil (piano), Gonzalo Fuertes (contrabaixo), Guilherme Rubino (violino), Santiago Arias (bandoneon) e Paula Pomeraniec (violoncelo) e ainda, como convidado, o arranjador e pianista Diego Schissi. Que participa no novo videoclipe do disco, Naranjo en flor, que está a ser lançado esta quarta-feira nas plataformas digitais.
“É um tema muito especial”, diz ao PÚBLICO Susana Travassos, “porque teve como convidado o Diego Schissi, pianista argentino que fez um arranjo mais contemporâneo para este tango, que é muito popular na Argentina.” Susana queria convidá-lo a participar no disco, mas achava que isso seria impossível. Até ao dia em que Alan Plachta falou com Diego e ele aceitou. O resultado, já conhecido das gravações, toma agora a forma de videoclipe.

Um tango no fio da navalha

A inserção do tema Naranjo em flor no disco tem uma história curiosa. “Eu tinha acabado de fazer um concerto com o Yamandu Costa e, na preparação do repertório para esse concerto, percebemos que somos os dois de fronteira, eu com a Andaluzia [Algarve] e ele com a Argentina e o Uruguai [Rio Grande do Sul]. Então escolhemos músicas mexicanas, argentinas, e uma das canções que ele me apresentou, e que eu não conhecia, foi precisamente o Naranjo en flor. Achei maravilhoso. Passadas três semanas, fui gravar o CD para Buenos Aires. E quando chego, já com tudo definido, pensei: “Como é venho gravar um disso à Argentina e não gravo um tango?’”

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Então ligou para o produtor, que lhe disse que era um bocadinho tarde para alterações. E quando ela lhe contou que queria o Naranjo em flor, Alan Plachta disse-lhe que para os argentinos aquele tango era como a Garota de Ipanema para os brasileiros, quase um cliché. Mas havia, disse ele, uma possibilidade, para gravá-lo com algo de novo: era ter um arranjo do Diego Schissi. Ele aceitou, mas com uma condição, diz Susana: “A única possibilidade, porque ele estava com muito trabalho, era chegar, tocar ele o piano, mas e não mostrar o arranjo antes. Chegava na hora para gravar no estúdio. Foi no fio da navalha, mas era confiar num extraordinário músico. Ficou um dos arranjos mais bonitos do disco e para mim foi uma experiência, porque ele desconstrói o tango e tem umas harmonias tão complexas que eu estava a gravar e a pensar se eu estaria ou não no tom certo.”

Um regresso “muito simbólico” A digressão na Argentina tem, para Susana Travassos, um significado especial, que se prende às mesmas razões que a levaram a gravar em Buenos Aires. Isso já ela tinha explicado ao PÚBLICO em

Março, dizendo que, apesar das suas ligações ao Brasil (patentes nos dois primeiros discos, Oi Elis, de 2008, e Tejo-Tietê, de 2013), começou a crescer nela uma paixão pela Argentina. E com raízes familiares, porque o avô de Susana cantava tangos de Gardel. “Comecei a ficar com uma relação cada vez mais estreita com Buenos Aires. Até que, estava já a começar as gravações em São Paulo, decidi que o disco não seria gravado lá, mas na Argentina. Começou a fazer cada vez mais sentido em termos de sonoridade. E hoje percebo que só poderia ter feito lá.”

O mesmo se aplica à digressão argentina, que começou em Santa Fé, no Teatro Municipal (dia 9) e agora continuará em La Plata, no Marma Fest (dia 14) e em Buenos Aires, no Jazz Fest (dia 15). “É muito simbólico”, diz ela agora, “porque o CD foi gravado em Buenos Aires e porque vai ser com os músicos que gravaram o CD.” Ao vivo, o disco já tinha sido apresentado em Portugal, na Coreia do Sul, em Madrid e na EXIB, Expo Ibero-Americana de Música (que este ano se realizou em Setúbal).

Ainda em Novembro, voltará a Espanha, desta vez a Valladolid, nos dias 26 e 27.

Artigo publicado por Nuno Pacheco, na edição do jornal Público de 13-11-19

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