Suspeito do atentado de Boston enfrenta familiares das vítimas

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Na primeira audiência de pré-julgamento, Dzhokhar Tsarnaev respondeu “não culpado” às 30 acusações, 17 das quais prevêem a pena de morte.

À entrada do tribunal Joseph Moakley, no sul de Boston, cerca de uma dúzia de apoiantes de Dzhokhar e Tamerlan Tsarnaev, a dupla de irmãos acusada de ter levado a cabo o atentado da Maratona da cidade, no passado dia 15 de Abril, gritavam: “libertem Dzhokhar! Libertem-no!”.

Um deles, com a cara tapada pela máscara popularizada pelo grupo “Anonymous”, explicava que o jovem de origem russa era uma “vítima” e que “quase foi morto pela polícia, quando estava desarmado e ferido”.

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Karina Figeroa, outra das manifestantes, disse que os vídeos dos atentados revelam bastantes “inconsistências” e que as autoridades querem “tramá-lo”. Um transeunte, que não quis ser identificado, acusou-a de não ter “vergonha”.

Do lado de lá da estrada, vários elementos da polícia da unidade do Massachusetts Institute of Technology (MIT) ouviam os manifestantes enquanto prestavam, silenciosamente, homenagem ao colega morto, na madrugada de 19 de Abril, durante a perseguição policial aos Tsarnaev, que terminaria com a morte de Tamerlan, o irmão mais velho.

Impávidos, nunca reagiram às acusações dos protestantes. Um deles confessou que aquilo mexia com ele, mas percebia que eles tinham “todo o direito” a estar ali.

Com o braço engessado

Dentro do tribunal, o mesmo que dois dias depois dos atentados da maratona de Boston sofrera uma ameaça de bomba, a primeira sessão de pré-julgamento começou às 15h30 locais (20h30 em Lisboa) e durou apenas sete minutos.

Dzhokhar entrou na sala de audiências com o braço esquerdo engessado, despenteado e com um fato-macado cor de laranja. Olhou para os familiares das vítimas, que preenchiam um terço dos lugares, e piscou o olho às duas irmãs, Bella e Ailina Tsarnaeva.

Quando o procurador William Weirneb leu as 30 acusações e respectivas sanções previstas (17 apontam a penas de morte ou prisão perpétua), Bella, que tinha uma criança ao colo, e Ailina choraram.

“Não culpado”

A advogada de defesa, Judy Clarke, tentou convencer o juíza Marianne Bowler de que não seria necessário ouvir o jovem responder em tribunal. O pedido foi recusado e Dzhokhar repetiu sete vezes a frase “não culpado”.

Finda a curta sessão, o acusado foi transportado numa carrinha branca dos US Marshals para a mesma unidade hospitalar, numa prisão a oeste da cidade.

Com os rostos cobertos por véus azuis, Bella e Ailina não prestaram declarações à saída. Judy Clark e William Weirneb também optaram pelo silêncio.

Pena capital

Há mais de 70 anos que ninguém é condenado à pena de morte no estado de Massachusetts. Porém, Dzhokhar é acusado ao abrigo da Justiça Federal que prevê aquela sanção. Sobre este ponto, a última palavra cabe ao Procurador Geral americano, Eric Holder.

A próxima audiência está marcada para dia 23 de setembro, prevendo-se que na altura William Weirneb apresente as provas da acusação.

Dzhokhar e Tamerlan Tsarnaev são acusados do atentado da Maratona de Boston, que no passado dia 15 de Abril, matou três pessoas e feriu 264. Três dias mais tarde, os irmãos fariam, alegadamente, uma quarta vítima, um agente policial que trabalhava no campo universitário do MIT.

Ricardo Lourenço (Rede Expresso)
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