Teatro só mobiliza 7% dos algarvios, diz estudo sobre práticas culturais

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O estudo foi realizado entre setembro e dezembro de 2020, sobre dados de 2019.

O inquérito nacional foi feito pelo Instituto de Ciências Sociais (ICS), e apresenta vários dados estatísticos sobre práticas e hábitos de consumo de Cultura pelos portugueses, em particular nos 12 meses anteriores à pandemia da covid-19. O inquérito foi coordenado pelo investigador e coordenador do ICS José Machado Pais, pelo investigador do ICS Pedro Magalhães e pelo ex-programador cultural Miguel Lobo Antunes.

De acordo com os resultados do inquérito, quem mais frequenta o teatro tem entre 35 e 44 anos, com 15% a afirmar que vai uma ou duas vezes por ano a espetáculos e, 4%, neste escalão etário, que vai três ou mais vezes por ano.

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Seguem-se os mais jovens, entre os 15 e os 24 anos, com uma percentagem similar, 16%, a assistir a um espetáculo de teatro uma ou duas vezes por ano.

Entre os 55 e os 64 anos, quatro por cento dos inquiridos no estudo foi ao teatro pelo menos três vezes por ano, enquanto seis por cento foi uma ou duas.

Já as gerações mais velhas, com 65 anos ou mais, parecem pouco atraídas por este género de espetáculos ao vivo, com 7% dos inquiridos e indicar ter assistido a teatro uma ou duas vezes por ano.

Para quem realizou o estudo, estes dados podem levar à discussão se a matéria de oferta cultural é suficientemente diversificada, tendo em conta diferentes segmentos da população portuguesa dada a fragilidade organizacional que atravessa a produção e a criação teatral portuguesa.

No que respeita à estrutura socioprofissional dos inquiridos, são os grandes empresários e profissionais liberais, profissionais socioculturais e gestores, com percentagens entre os 23 e os 26%, quem mais assiste a espetáculos de teatro.

Os dados são acompanhados pelo grau de ensino, com 26% dos inquiridos com o ensino superior a irem uma ou duas vezes por ano, ao teatro, e oito por cento a irem três ou mais vezes. Os inquiridos com menos do que o terceiro ciclo são quem menos vai ao teatro, com quatro por cento a indicar uma ou duas idas por ano.

Os residentes na Área Metropolitana de Lisboa são os mais regulares, de acordo com o inquérito: 12% dos inquiridos contabiliza uma ou duas idas ao teatro, por ano, e três por cento, três vezes ou mais.

A Região Centro, com 12% para uma ou duas idas por ano e 2% para pelo menos três idas anuais a este tipo de espetáculos, segue-se na lista, com a Região Norte a indicar uma relação de 11% e 3%, respetivamente, para os dois cenários.

Os inquiridos do Alentejo, Algarve, Açores e Madeira que afirmam ter ido ao teatro, pelo menos uma vez, no período anterior à pandemia, situa-se em 7% ou menos.

O rendimento dos inquiridos parece constituir outro fator determinante nas idas ao teatro, já que 29% dos inquiridos tem rendimentos mensais acima dos 2.700 euros e afirmou ter assistido a espetáculos uma ou duas vezes por ano, e 11% a três ou mais vezes por ano.

Com rendimentos entre 1800 e 2700 euros por ano, seis por cento dos inquiridos responderam ir ao teatro uma ou duas vezes por ano, tanto quanto foram três ou mais vezes por ano. Para rendimentos entre 1500 e 1800 euros, há 9% a admitir uma ou duas idas por ano ao teatro.

A percentagem desce com o rendimento dos inquiridos. Entre os 800 e os 500 euros, sete por cento dos inquiridos respondeu ter ido a espetáculos uma ou duas vezes por ano e dois por cento ter ido a espetáculos três ou mais vezes por ano, enquanto quem tem rendimentos até 500 euros, dois por cento responderam ter ido ver teatro uma ou duas vezes por ano.

O facto de os mais jovens (15-24 anos) apresentarem valores percentuais que denotam mais envolvimento com esta prática cultural pode estar ligado, segundo os responsáveis pelo estudo, a uma intensificação da oferta para estas idades assim como a uma maior divulgação nos media e canais digitais.

Tomando por referência o último espetáculo visto, as respostas não mostram diferenciações significativas pelo tipo de teatro (contemporâneo, de revista e teatro musical).

Há, no entanto, algumas segmentações de género que uma análise descritiva sugere, já que os inquiridos do sexo feminino consomem mais leituras e recitais, enquanto os do sexo masculino, com mais de 65 anos, preferem o teatro de revista.

Os autores do estudo concluem ainda que são os inquiridos com um perfil cultural omnívoro – que “apresentam uma orientação cultural mais diversificada” e podem apreciar tanto expressão erudita, como popular – os que mais se envolvem neste domínio e fazem-no com reconhecida regularidade, ou seja, três ou mais vezes por ano.

O estudo inquiriu 2.000 pessoas, com 15 ou mais anos residentes em Portugal e nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores.

No que respeita à repartição geográfica dos inquiridos, 35% residiam na região Norte, 27% na região da Área Metropolitana de Lisboa, 22% na região Centro, 7% na região do Alentejo, 4% na região do Algarve, 3% na região da Madeira e 2% nos Açores.

Os inquéritos foram realizados entre 12 de setembro e 28 de dezembro de 2020, e têm por referência os 12 meses anteriores à pandemia da covid-19.

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