Trabalhadores enganados na Suíça por empresa algarvia

Deveriam ter ido trabalhar para a Alemanha, mas acabaram na Suíça, a alimentar-se com sandes e com latas de conserva, e a ganhar quase dez vezes menos do que aquilo que está estipulado na lei daquele país

Domingos Viegas

Trabalhadores contratados por uma construtora algarvia, sediada em Vila Real de Santo António, que foram trabalhar para a Suíça ocuparam esta madrugada o estaleiro da obra onde desempenhavam as suas funções, na localidade de Aclems, perto de Morges, Lausanne.

Tinham-lhes prometido 11 euros por hora (cerca de 2 mil euros por mês), para trabalhar na Alemanha, mas acabaram por ser levados para a Suíça, para receber 550 euros por mês. Ao contrário do que tinha sido prometido, a empresa também não lhes forneceu alojamento. Chegavam a dormir 10 pessoas no mesmo quarto e alimentavam-se à base de sandes e latas de conserva.

“São trabalhadores de diferentes categorias profissionais, todos contratados de forma irregular para receber 550 euros mensais”, explica o Sindicato dos Trabalhadores da Construção do Sul, acrescentando que estes profissionais recebiam diariamente “somente 5,13 euros para alimentação, o que, na Suíça, não dá para o pequeno almoço”.

Esta situação levou os trabalhadores a procurar o apoio do UNIA, sindicato da construção suíço, já que os funcionários dos consulados portugueses naquele país se encontram em greve há várias semanas.

O UNIA acabou por verificar que estes trabalhadores, alguns dos quais originários do concelho de Vila Real de Santo António, recebiam quase 10 vezes menos do que aquilo que está estipulado pela lei suíça.

Os trabalhadores ainda conseguiram falar com o responsável da empresa, mas a resposta foi ainda mais surpreendente: “Disse-nos: desenrasquem-se porque eu não sou vosso patrão. E abandonou-nos”, lamentou um dos trabalhadores em declarações à RTP.

Aquele sindicato suíço já lhes garantiu alimentação e alojamento até ao regresso ao nosso país.