“Já é o terceiro incêndio neste local. É mesmo negligência da EDP”, acusa o presidente da Câmara de Monchique, ouvido pela rádio Renascença, depois de um novo incêndio na zona da Nave, na quinta-feira, que terá sido o terceiro provocado pela “negligência” da EDP, de acordo com Rui André. O fogo foi entretanto dominado.
Já no passado dia 12 de agosto, o Correio da Manhã noticiou que os postes da EDP em Monchique estavam na mira da Polícia Judiciária, já que a zona de serra é atravessada por uma rede de média tensão, que terá sido selada num raio de 500 metros para ser analisada.
Já tínhamos dito várias vezes que esta é uma zona em que recorrentemente acontece isto e a EDP até agora não fez nada”, acusou o autarca, garantindo que na origem das chamas esteve um cabo de baixa tensão. Em declarações à Renascença, o presidente da autarquia afirmou que, apesar dos avisos, a empresa tem falhado na manutenção das linhas elétricas.
“Em vários sítios do concelho temos problemas desta natureza. Neste local é a terceira vez que acontece uma ignição provocada por estes fios. É mesmo negligência. Já tínhamos dito à EDP várias vezes que esta é uma zona em que recorrentemente acontece isto e a EDP até agora não fez nada”, referiu.
Entretanto, a EDP respondeu que “a EDP Distribuição assegura a limpeza e a manutenção das faixas de proteção das linhas elétricas de Alta e Média Tensão. Nos últimos cinco anos, a empresa investiu 25 milhões de euros na limpeza e manutenção de 40.000 Km de rede aérea de AT e MT, em todo o país”.
Já no que respeita à limpeza de vegetação que interfira com as redes de Baixa Tensão, instaladas na generalidade na berma de estradas, caminhos ou arruamentos urbanos, a responsabilidade não é da EDP Distribuição, mas sim de proprietários e outras entidades.
Exemplo disso é a intervenção das equipas da EDP Distribuição, nesta última semana, na zona de Monchique, em árvores não protegidas, próximas de linhas elétricas de Baixa Tensão. Adicionalmente, e na mesma zona, a empresa fez um pedido ao ICNF para podar árvores protegidas em 14 locais”.
Governo aprova medidas de exceção
Entretanto, o Governo aprovou, esta quinta-feira, medidas excecionais de ajuste direto relacionadas com o incêndio de Monchique.
De acordo com a ministra da Presidência, Maria Manuel Leitão Marques, são medidas semelhantes às que vigoraram no ano passado para a zona centro do país.
“É uma forma de agilizar algumas obras públicas, a maior parte até a cargo dos municípios, dispensando alguns procedimentos burocráticos para que essas obras possam decorrer com maior celeridade”, explicou a governante.
O incêndio rural, combatido por mais de mil operacionais, deflagrou em Monchique, no distrito de Faro, no dia 3 de agosto e foi dominado no dia 10, depois de afetar também o concelho vizinho de Silves e, com menor impacto, Portimão e Odemira.
Quarenta e uma pessoas ficaram feridas, uma das quais em estado grave. As chamas consumiram 27.635 hectares.
JA