Três problemas essenciais do conceito democrático largo “lato sensu”

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Colaboradora. Designer.
Eurico Gomes

Nestes dias confrontamo-nos com três problemas essenciais do conceito democrático largo “lato sensu”, problemas esses que tentarei abordar muito sucintamente a seguir:
BREXIT – Naturalmente que o evoluir de uma aliança aduaneira para uma outra unidade de nações europeias que ainda por cima caminhou a uma velocidade inusitada sem os cuidados mínimos que o bom senso aconselharia, levaria a conflitos, a seu tempo, entre os poderes devidamente definidos constitucional e juridicamente a nível de cada nação e a possibilidade de uma abrangência legislativa europeia que respeitasse essas identidades e, fundamental, respeitando o “extenso“ conceito de democracia. Naturalmente que a tarefa não era de todo simples e muito menos se resumiam a critérios económicos sem desvalorizar a sua importância.
E assim se foi andando com os maiores contrasensos, total desprezo pelas desigualdades conciliando, contudo, que era off-shores e quejandos inc na sua identidade (o que leia-se fuga a impostos)… como conciliar com a tal dita de democracia? Enfim, e as Jugoslávia e as Albânias e os Cosovos e os Montenegro e agoras, de novo, a Macedónia e etc alguém acredita com a tese do “não havia outra solução ou apesar de tudo enfim etc?”. Onde a democracia?
Podíamos ir muito mais longe como seja a clara, embora subreptícia, tentativa de hegemonia alemã cujo melhor exemplo foi aquele homenzinho da cadeirinha de rodas.
Só quem não conhece os ingleses e toda a sua história e o seu imperialismo nunca esquecido (v. Comonwelth) não valorizará o facto da sua preocupação de terem estado sempre com um pé dentro e outro fora apesar de inúmeras regalias inclusivé na fundamental City!!!
Não admira que o grande problema do chamado “BREXIT” seja a fronteira das Irlandas – Daí para cá quem manda somos nós… e nada de confusões!!!
E cá nos entenderemos com os Trumps sejam eles quais forem.
Resumindo: A dita hoje de Europa conciliou, desde o princípio, em todos os princípios fundamentais do conceito repito mesmo que “lato sensu” da democracia talvez com excepção dos votos, concedo que não menos importante, mas nunca exclusiva e, pior, essa tendência foi-se acentuando naturalmente não por acaso.
O chamado BREXIT é uma vergonha e tudo se resume a um jogo de poderes de uma Inglaterra entre uma Europa e os USA ou, se quisermos, entre o dólar e o euro. Problemas inerentes a um capitalismo “evoluído”. Só que mais uma vez o tal conceito dito de democracia ou se impõe, o que creio muito difícil senão impossível, ou a conciliação sobrepõe-se e, na sequência de tudo a que vimos assistindo, desde a Hungria à Polónia etc será varrido para debaixo do tapete… como vem sempre acontecendo.
Outros poderes e valores financeiros se levantam… entendamo-nos… fiquemos por aqui que a reflexão já vai longa.

VENEZUELA… Tentando ser mais sucinto
Que conceito democrático existe que possa conciliar com a autoproclamação como presidente da república de um qualquer paroquiano mesmo que deputado eleito como presidente da república de um estado soberano? Quem é esta personagem? Quem o conhecia entre os seus concidadãos? Que programa apresentou? Alguma vez disputou antes algum confronto com outros eventuais candidatos à presidência?
Se há termo para tudo isto é de facto golpada que só pode provir e a história é suficientemente pródiga a explicar-nos (!) dos “democráticos“ USA.
Não me atrevo porque ainda respeito e temo o meu estômago ao inqualificável papel mais uma vez da nossa comunicação social ainda assim designada para os incautos por informação… já é superior às minhas forças!
E… pasme- se! A tal Europa que se diz querer defensora e paradigma da democracia acaba de considerar um tal Guaidó (salvaguardadas as contas bancárias por Trump) como presidente da república da Venezuela que não já boliviriana.
Fiquemos por aqui. Mas não resisto a mais um pequenino acrescento:
Alguém ainda não percebeu que os USA para manterem o seu império principalmente militar precisam de ser os donos de todo o continente americano e os que deitam os corninhos de fora, a bem ou se necessário a mal, com mais ou menos CIA, levam nos ditos? Ah … Bendita democracia!!!

MARCELO E SNS
Por vezes penso que o que vejo ou ouço não pode ser verdade!!!
Um presidente de uma república laica que assume e, com todo o seu direto, o seu catolicismo deve ou pode andar por aí a beijar a mão ao Papa ou pasme-se com uma vénia ao Cardeal cá da nossa gente?!
A República que se deve sobrepor a todos os credos… e sem credos concilia sem uma palavra…
Por essas e por outras não posso aceitar que esse tal Presidente se possa dar ao luxo, por melhor que seja a intenção, de condicionar votações fundamentais para o país na Assembleia da República – sede do poder democrático… e já o fez pelo menos duas vezes em relação aos projetos do SNS.
Terá o direito que lhe é conferido de vetar o que lhe for apresentado e depois se verá, mas nunca de o condicionar mesmo com subterfúgios ou falinhas dúbias.
Também aqui entendo que o tal verdadeiro conceito da tal democracia foi e vai ser totalmente varrido para debaixo do tapete com a complacência de muitos.
Permito-me repetir que nesta discussão do SNS se jogam os últimos verdadeiros ideais e não só do 25 de Abril. Estou com enorme expectativa em ver como se comporta o governo e por maioria de razão o PS.
Por último a pergunta:

-Bastará lutar mesmo com todas as condicionantes históricas e arriscaria sócio-filosóficas por ESTA DITA DE DEMOCRACIA?
Ou teremos humildemente de perceber que os caminhos terão rapidamente que passar por outras veredas mesmo que substancialmente mais agrestes que nos elevem para um novo conceito actual e límpido de DEMOCRACIA.

Já alguém imaginou uma greve de médicos que se recusassem a operar e recorressem a um fundo de apoio numa conta bancária para os seus sustentos? Aonde estamos a chegar? Sempre prezei os enfermeiros, os admirei, acamaradei, elogiei, compartilhei as suas lutas pela dignidade e os considerei como das profissões mais significativas e próximas dos nossos doentes, muitas vezes, sabe Deus, em que condições, com que dificuldade. Quem trabalhou comigo creio que não me pode desmentir.
Porém, muito para além … vão estas peregrinas greves cirúrgicas, em todos os sentidos, que só desprestigiam uma classe profissional que, em primeiro lugar, necessita, isso sim, de ser prestigiada.

Eurico Gomes

*(médico há já 50 anos)

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