Tropa declara “guerra” ao fogo

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Militares do exército vigiam a serra e criam zonas sem vegetação para travar a progressão das chamas e evitar incêndios de grandes dimensões, como aquele que devastou o concelho de Monchique em 2003 e 2004. Nesta zona de alto risco, chegaram a registar-se uma média de 20 ignições por dia! Mas, desde que os militares “ocuparam” a serra, esse número desceu para quatro, e mesmo essas ameaças são “atacadas” rápida e eficazmente.

 

Cerca de 160 militares estiveram envolvidos na operação de desmatação em redor da localidade de Casais, em pleno coração da serra de Monchique, onde há oito anos começou o “inferno de chamas” que devastou cerca de 80 por cento do concelho.

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O objetivo do exército, que respondeu a um pedido concreto por parte do presidente da câmara, Rui André, e da governadora civil de Faro, Isilda Gomes, é prevenir e evitar fogos de grande dimensão, antes do início da época de maior risco de incêndios.

“A intervenção dos militares vai estender-se a outras áreas do município, com incidência naquelas em que existe um maior risco para as pessoas e as suas casas”, adiantou na semana passada o coronel Pereira da Silva, garantindo que o exército ainda vai deslocar-se a Monchique “três ou quatro vezes” antes do verão.

Já nos meses mais secos e quentes, o responsável garantiu que “vão estar cerca de 140 homens em permanência na serra de Monchique para o que der e vier”, à semelhança do que aconteceu no ano passado, com “excelentes resultados”.

Os dados oficiais indicam que, em 2010, a ação e a presença dos militares impediu uma grande quantidade de ignições. Isto porque, até ao ano passado, a média de ignições era de vinte por dia, tendo passado para quatro, devido à intervenção dos militares e dos outros agentes da proteção civil.

“E mesmo nessas quatro ignições diárias, os militares estiveram em cima delas e não deixaram alastrar as chamas”, realçou o coronel Pereira da Silva.

Para o presidente da autarquia, que lançou o repto ao exército para vigiar a serra de Monchique, “é importante que os meios ao dispor na região algarvia sejam canalizados para as zonas mais sensíveis, como é o caso de Monchique, considerada uma área de risco máximo”.

“Uma intervenção rápida é fundamental no combate aos incêndios”, frisou Rui André, também ele “chamuscado” emocionalmente pela tragédia provocada pelos fogos de 2003 e 2004.

“Desde que os militares se deslocam ao município que se tem vindo a verificar uma diminuição das ocorrências e a área ardida é muito menor”, sublinhou.

O autarca disse ainda que “a presença do exército é também uma maneira de chamar a atenção das pessoas para a necessidade de limpar as matas e florestas em redor das suas casas”, uma ação que Rui André considera essencial para minimizar os danos materiais e humanos num incêndio de grandes dimensões.

“Os proprietários são obrigados por lei a limpar 50 metros em redor das habitações, mas ainda existe muita floresta desordenada e que merece toda a atenção”, salientou o presidente da câmara.

Ainda assim, Rui André destacou que a vinda dos batalhões do exército para Monchique, durante os meses de verão, “tornam o concelho de Monchique um local mais seguro, apesar de o perigo existir e estar sempre presente”.

(Toda a reportagem na próxima edição em papel do Jornal do Algarve – dia 24 de março)

Nuno Couto/Jornal do Algarve
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