Trump está “terrivelmente perto” de garantir a nomeação republicana mas ainda tem Cruz à perna

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Começa a ser impossível contornar as evidências de que Donald Trump não vai a lado nenhum e que, contra os desejos de muitos dentro do Partido Republicano e de todos os democratas, veio para ficar.

Nesta Superterça-feira, madrugada de quarta em Portugal, o magnata terá garantido vitórias em sete dos 12 estados a irem a votos em primárias e caucuses. De acordo com as contagens de votos, Trump venceu em Georgia, Alabama, Tennessee, Massachusetts, Arkansas, Virginia e no Vermont, com os resultados do caucus republicano do Alaska ainda por definir.

Ted Cruz, o único dos seus quatro rivais na corrida que já lhe conseguiu roubar um primeiro lugar (no Iowa, o primeiro estado a ir a votos, a 1 de fevereiro), saiu vitorioso no Texas, o estado que representa no Senado, e em Oklahoma — duas importantes derrotas para Trump, algo inesperadas e que representam um dilema para os republicanos.

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“Esta noite foi outro ponto decisivo e os eleitores falaram”, declarou Cruz ao confirmar as suas duas vitórias face às sete de Trump na corrida pela nomeação do partido. “Amanhã de manhã [esta quarta-feira] temos uma escolha. Enquanto o campo continuar dividido, o caminho de Donald Trump para a nomeação [republicana] vai permanecer dividido. E isso seria um desastre para os republicanos, para os conservadores e para a nação”, sublinhou o senador pelo Texas, pedindo aos restantes rivais — Marco Rubio, John Kasich e Ben Carson — que desistam da corrida e o apoiem para fazer subir as hipóteses de derrotar Trump.

Apesar de Rubio apenas ter saído vitorioso no Minnesotta, o facto de a maioria dos estados distribuir o número de delegados eleitorais pelos candidatos mais votados, em vez de os concentrar em apenas um, dá-lhe algumas garantias — tal como a Cruz — de virem a sair-se melhor nas próximas fases. Ainda assim, o desafio tornou-se mais complicado depois da série de vitórias do grande rival.

Neste momento, sondagens apontam que Rubio vai ganhar no próximo dia 15 de março na Florida, estado pelo qual é senador, um dos poucos de entre os 50 estados norte-americanos que atribui a totalidade dos delegados em jogo ao candidato que fica em primeiro lugar na votação. É nisso que os republicanos estão concentrados agora para não perderem o seu “candidato do sistema”, o único que veem como capaz de derrotar Trump e até Cruz.

Porém, é possível que nem isso seja suficiente para evitar o que Cruz pediu, que é a concentração de votos e apoios no senador do Texas como uma das únicas formas de garantir que Trump não consegue a nomeação republicana para disputar a Casa Branca com o rival democrata. Para obter a nomeação do Partido Republicano, um candidato precisa de um mínimo de 1237 delegados eleitorais que o representam no encontro nacional marcado para julho. Neste momento, Donald Trump tem 274 delegados, após somar 192 na Superterça-feira, contra um total de 149 já garantidos por Cruz e 82 por Rubio.

Analistas preocupados

Com Trump a manter a liderança da corrida republicana, aproximando-se cada vez da fasquia mínima de 1237 delegados eleitorais de um total de 2472, aumentam as probabilidades — e com elas a preocupações de muitos, dentro e fora do partido republicano — de que venha a ser ele a disputar as presidenciais.

A nomeação de Trump como candidato republicano “está terrivelmente próxima do inevitável”, dizia à AFP esta madrugada Dante Scala, analista político e professor na Universidade do New Hampshire. Nesta superterça-feira, cerca de 30% dos delegados republicanos estiveram em disputa através de um sistema proporcional. Até ao final de março, já depois das importantes votações na Florida e no Ohio a 15 de março, 62% do total de delegados estarão atribuídos aos candidatos ainda na corrida.

Celebrando a sua vitória num discurso na Florida — onde, como a rival democrata Hillary Clinton, já assentou arraiais de campanha, embora ainda haja dez estados com primárias e caucuses antes desse — Trump prometeu: “Assim que tudo [primárias, caucuses e a convenção nacional republicana] terminar, irei atrás de uma pessoa e essa pessoa é Hillary”. Isto após dar os parabéns ao rival Cruz e de voltar a gozar com o “peso pluma” que é Rubio (os jornalistas não puderam deixar de notar na cara de nojo de Chris Christie durante esse discurso, dias depois de declarar o seu apoio formal ao candidato)

A julgar pelas mais recentes sondagens, contudo, essa perseguição a Clinton poderá não lhe valer de nada: neste momento, inquéritos de opinião continuam a mostrar que Trump será derrotado em novembro por qualquer um dos dois candidatos democratas que vença a nomeação, quer seja Clinton quer Bernie Sanders.

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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