“Olhó passarinho!” – é uma expressão que está ligada à fotografia. Mas agora passa a poder ser interpretada na íntegra à medida que o turismo de natureza e em particular o turismo de observação de aves começa a ser fomentado no Algarve. Todos os agentes e responsáveis turísticos da região começam a procurar trabalhar em conjunto para que todas as valências possam ser conjugadas e surjam mais oportunidades de negócio com os turistas que cá chegam com vontade de conhecer e desfrutar na nossa natureza
Sofia Cavaco Silva
É um dado adquirido que os turistas estão cada vez mais exigentes. O preço, a qualidade de serviços e as acessibilidades são agora alguns dos muitos fatores que influenciam a decisão do turista por determinado destino. Cada vez mais os especialistas alertam para a importância de criar novas atrações, novas atividades e experiências e para a importância de valorizar e evidenciar tudo o que seja típico, genuíno e identitário de um destino turístico.
O Algarve não fez “ouvidos moucos” e tem vindo a procurar novos produtos que possam responder a estes requisitos. O turismo de natureza é uma aposta assumida pelo Turismo do Algarve que tem vindo a estudar a região e as suas possibilidades nestas matérias.
Dentro do turismo de natureza, o turismo de observação de aves, designado por “Birdwatching”, tem vindo a ganhar uma importância particular.
Durante décadas o Algarve tem escondido muitos dos seus segredos e maravilhas naturais nos bastidores do Sol e Praia.
Depois de uma fase em que a proteção da natureza se tornou importante para tornar a região mais aprazível, eis que agora se percebe que essa mesma natureza regional tem particularidades únicas a nível mundial que podem ser promovidas e potenciadas como espaço de visita obrigatória para curiosos e estudiosos.
O paradigma inverteu-se e em vez do turista passar férias no Algarve e eventualmente conhecer a Ria Formosa ou a Serra do Caldeirão – entre outros locais –, o turista passa a ter como motivo primário o querer conhecer a Ria Formosa ou observar aves e outras espécies e por esse motivo, reserva férias no Algarve.
Os responsáveis pelo Turismo do Algarve acreditam que galardões como o que a Ria Formosa recebeu recentemente – Maravilha Natural de Portugal – podem ser importantes na divulgação e promoção do turismo de natureza na região. A Via Algarviana é outro dos projetos que começam a suscitar interesse a Norte da Europa e que permite ao turista desvendar a par e passo aquele Algarve mais genuíno que procura.
Perante este cenário, o Turismo do Algarve tem procurado trabalhar com empresários e associações ambientalistas da região para conseguir definir uma estratégia e uma articulação entre todos os que trabalham com o turismo de natureza. A gastronomia regional é uma das áreas que se pretendem envolver neste projeto.
Em entrevista ao Magazine JA, Almeida Pires não esconde o seu entusiasmo por ver vários hóteis algarvios a fazerem apostas sérias no turismo de natureza como forma de complementar a sua oferta de alojamento. Este é mais um sinal de que definitivamente a natureza pode ser a “arma secreta” para ajudar o turismo algarvio em tempos desafiantes.
Famílias portuguesas e escolas: CONVOCADOS!
Quem conhece melhor o Algarve? Os turistas estrangeiros, os turistas nacionais ou os residentes?
“Sabia que na Ria Formosa temos a maior concentração de cavalos marinhos do mundo? Sabe? A generalidade das pessoas não sabe!”, exemplificou Almeida Pires garantindo que o Turismo do Algarve pretende trabalhar na divulgação destas informações junto da população nacional.
Os responsáveis do Turismo do Algarve têm consciência que em Portugal o número de praticantes de birdwatching não é tão significativo quanto noutros países do mundo. Contudo, estão convictos de que as atividades relacionadas com o turismo de natureza como é o caso da observação de aves, os passeios pedestres e o desporto de natureza são áreas que podem ser promovidas a nível nacional e regional.
Atividades lúdico-desportivas com grande interesse pedagógico podem ser propostas interessantes para jovens e famílias. A observação de aves ou passeios pela Ria Formosa para conhecer esse tão precioso ninho marinho e a sua importância ou quiçá, percorrer parte da Via Algarviana e aprender os passos necessários para fazer a aguardente de medronho, são algumas atividades que podem ser também impulsionadas pelos professores e escolas. Os próprios desportos náuticos podem constituir uma atividade lúdico-pedagógica atraente para as camadas mais jovens. (…)
[peça publicada na íntegra na JA Magazine – parte integrante da edição de 30 de Setembro do Jornal do Algarve]