Turismo do Algarve: dois “presidentes” fazem as pazes

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António Pina e Nuno Aires, os dois responsáveis socialistas que reclamavam a presidência da Entidade Regional de Turismo do Algarve (ERTA), chegaram finalmente a acordo. Pina fica com a cadeira maior.

 

António Pina, o reempossado presidente do Turismo do Algarve, vai manter-se assim até ao final do mandato, em 2012.

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Isto porque o antigo vice-presidente, Nuno Aires, cerca de um mês depois de ter dito não ao regresso de Pina, duas semanas depois de ter interposto uma providência cautelar e de ter exigido o seu afastamento do cargo, pensou melhor e voltou atrás: “O respeito que tenho por esta instituição esteve na base da minha decisão. Cheguei à conclusão que a melhor solução seria encontrarmos um entendimento”, adianta ao Expresso Nuno Aires. “Tudo farei para que volte a serenidade a esta casa, para olharmos as dificuldades do setor turístico e encontrar soluções”, acrescenta.

Já o processo que corre no Tribunal Administrativo de Loulé “irá ser retirado ainda hoje”, diz, sem que tenha existido uma ‘clarificação’ sobre quem afinal teria legitimidade para mandar no organismo que gere a promoção turística interna, do ponto de vista jurídico, algo que Aires exigia até há poucos dias atrás.

Para Pina, que já ocupava a cadeira presidencial – apesar da providência cautelar interposta por Aires – o acordo foi desde sempre o desejado e até por ele próprio ‘oferecido’ a Aires. “Não vou negar que tenha existido nos últimos tempos uma quebra de confiança entre nós, mas a partir de hoje esse problema está resolvido e sanado”, adianta ao Expresso António Pina, que assim manterá toda a equipa que tinha antes de ser ter afastado do cargo, em 2009, por alegada incompatibilidade de acumulação de vencimento com a pensão de reforma.

“É um acordo pessoal e profissional para esta casa ter paz e faremos o melhor que nos for possível com as condições financeiras que temos”, acrescenta o presidente do Turismo do Algarve, António Pina.

Moção de censura que não chegou a ser

Esta tarde, a Assembleia-Geral extraordinária reuniu-se de propósito para analisar uma proposta subscrita por vários dirigentes socialistas que pretendia fazer cair o atual executivo com uma moção de censura e convocar eleições antecipadas, mas o anúncio do entendimento apanhou de surpresa a maior parte dos presentes.

“Parece que foi afinal um arrufo de namorados, e parece que afinal há casamento”, ironizou António Goulart, dirigente da União de Sindicatos do Algarve (USAL) e também ele membro da Assembleia Geral da ERTA, que conta com 33 representantes. “Só que a melhor maneira de haver divórcio é haver casamento. Vamos ver o que acontece…”, preconizou, não sem antes ter deixado uma “censura moral” aos dois principais intervenientes no processo de disputa do cargo da presidência, que acabou por transitar para a ‘praça pública’.

Já para o presidente da Mesa da Assembleia Geral, Elidérico Viegas, a leitura política dos acontecimentos prende-se com o facto de ser necessária uma maioria de dois terços dos representantes para aprovar a moção de censura, subscrita maioritariamente por membros ligados ou com afinidades ao Partido Socialista, algo que nunca aconteceria dada a representação de forças atual dentro da ERTA.

Caso a moção tivesse passado, no entanto, consubstanciando a antecipação de eleições, o PS conseguiria apesar de tudo a maioria suficiente para uma lista alternativa à de Pina, também ele socialista, mas agora mais afastado das células decisoras do PS algarvio, cenário que fica agora definitivamente afastado.”Eu penso que este incidente veio por a nu o facto de esta casa estar excessivamente partidarizada, em vez de profissionalizada”, critica Elidérico Viegas, também presidente da Associação de Hoteleiros e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), ele que foi candidato a deputado pelo PSD.

Buraco financeiro mantém-se

“Os interesses partidários – e aqui até eram dentro do mesmo partido – sobrepõem-se sempre aos outros interesses porque se isto fosse um organismo para o setor isto não teria acontecido”, lamenta, questionando a real utilidade do organismo com as capacidades de decisão atuais e o financiamento existente: “Se não fosse o dinheiro dos privados, isto já teria fechado”, conclui.

Recorde-se que a situação financeira da ERTA não é simples, após um corte anunciado de cerca de 40 por cento no orçamento esperado para 2011, algo que, conforme o Expresso já tinha noticiado em primeira mão, faz com que o orçamento aprovado do Turismo do Algarve tenha ‘um buraco financeiro’ que poderá comprometer o pagamento de ordenados até ao final do ano em curso.

JA/Rede Expresso
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