Ucrânia presta homenagem às vítimas de Chernobyl 30 anos depois do desastre

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Milhares de trabalhadores continuam a entrar todos os dias na central nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, 30 anos decorridos sobre o pior acidente nuclear civil da história, para continuarem a desmantelar o local e concluírem a construção de um novo sarcófago, que vem substituir o primeiro construído nos meses a seguir ao acidente e cujo tempo de vida útil, calculado em 30 anos, está a chegar ao fim.

“Há 1500 trabalhadores na central para o processo de desmantelamento, e mil ou dois mil contratados pelo consórcio internacional que está a construir o novo sarcófago para o reator acidentado”, explicou esta terça-feira o departamento de cooperação internacional da central, no dia em que se marcam os 30 anos do acidente.

Situada 120 quilómetros a norte da capital ucraniana Kiev, junto à fronteira com a Bielorrússia, três dos quatro reatores da central continuaram em funcionamento depois da catástrofe e o seu uso só foi suspenso definitivamente em 2000. De acordo com o mesmo departamento, “só em 2015 é que começou a segunda fase do programa para a paragem total da central e conservação das unidades”, por forma a “garantir o armazenamento seguro do combustível nuclear e todo o material radioativo nos reatores”.

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O acidente – o pior da história nuclear a par do desastre de Fukushima, no Japão, em 2011 – deu-se às primeiras horas da manhã de 26 de abril de 1986, quando o reator 4 explodiu durante um teste de segurança, devido a um erro humano e um defeito de conceção do reator soviético, modelo RBMK.

A explosão espalhou uma nuvem de material radioativo que se espalhou pela Ucrânia, pela Rússia, pela Bielorrússia e pelo norte da Europa. Esta manhã, à mesma hora em que se deu essa explosão há 30 anos, soaram sirenes na zona, para marcar o início da cerimónia de homenagem às vítimas.

Pelo menos 30 pessoas morreram no acidente, com as consequências da explosão nuclear a fazerem-se sentir até hoje. De acordo com um relatório de um comité da ONU divulgado em 2005, mais de quatro mil pessoas morreram ou virão a morrer vítimas de doenças congénitas provocadas pelos altos níveis de radiação. A Greenpeace diz que essa estimativa é reduzida. O balanço das vítimas continua a ser controverso: algumas estimativas indicam milhares de mortos, mas apenas 56 mortos como vítimas directas da catástrofe.

Da zona de exclusão, num raio de 30 quilómetros em redor da central, foram retiradas mais de 130 mil pessoas nos dias que se seguiram à explosão. Abandonada pelos habitantes, a central tornou-se um destino turístico e um santuário para várias espécies de animais. Apesar dos elevados níveis de radiação, a vida selvagem tem estado a expandir-se ao redor da central.

Esta segunda-feira, dadores de todo o mundo anunciaram um pacote de 87,5 milhões de euros de ajuda ao Estado ucraniano para criar um espaço subterrâneo de recolha de lixo tóxico. Para completar os trabalhos em Chernobyl, a Ucrânia terá de investir mais dez milhões de euros.

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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