Um em cada quatro desempregados vem da construção

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O setor da construção contribui já com 25 por cento do número de desempregados no Algarve, um peso que tem vindo a aumentar drasticamente nos últimos anos. Os números são alarmantes e mostram que este é um dos setores onde, ultimamente, mais postos de trabalho têm sido destruídos na região

O desemprego, na construção, atingia quase sete mil pessoas no último trimestre de 2012, na região algarvia, e terá atingido um novo máximo histórico já no início deste ano. Ao todo, o setor representa um quarto do desemprego no Algarve…!

Até ao final do ano, o cenário irá agravar-se ainda mais, alertam as associações do setor. Os números espelham a realidade difícil das empresas e dos trabalhadores deste setor, que nos últimos quatro anos viram desaparecer milhares de postos de trabalho. E a tendência mantém-se, com um quarto dos números do desemprego a deverem-se já ao setor da construção.

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De acordo com o boletim “Algarve Conjuntura”, divulgado recentemente pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR), os desempregados inscritos nos centros de emprego da região aumentaram 29 por cento no último trimestre de 2012 face a 2011, sendo os trabalhadores da construção civil os mais atingidos.

Em comunicado de imprensa, a CCDR refere que os desempregados da construção civil representavam nos últimos três meses do ano passado 25 por cento dos que procuram novo emprego.

O número de desempregados inscritos nos centros de emprego era de cerca de 27 mil indivíduos, o que cifrou a taxa de desemprego em 14,7 pontos percentuais, o valor mais elevado registado no terceiro trimestre de um ano, nos últimos doze anos.

Quedas brutais, insustentáveis e históricas

É neste sentido que a Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (FEPICOP) considera urgente a intervenção do Governo.

“O ano de 2013 iniciou-se também com um novo máximo histórico (no desemprego), em sentido negativo, no setor. Em janeiro, eram já 110.522 os desempregados oriundos da construção (cerca de sete mil no Algarve), o que traduz um aumento de 20.090 pessoas face ao número apurado no primeiro mês de 2012”, sublinhou a associação.

Segundo a FEPICOP, o consumo de cimento teve uma queda homóloga de 37,4 por cento no primeiro mês do ano, “apesar de, em 2012, ter registado o menor nível de consumo de cimento dos últimos 39 anos”.

“O ritmo da crise que afeta o setor da construção agravou-se em 2012 e não dá mostras de abrandar com a entrada num novo ano”, avança a associação, salientando que os empresários do setor estão a registar “quebras brutais e insustentáveis, muitas delas históricas”, como é o caso do emprego e do licenciamento de fogos novos.

As empresas continuaram a apontar a insuficiência da procura, que atinge os 87 por cento na habitação, 93 pontos percentuais nos edifícios não residenciais e 81 por cento nas obras públicas, como a principal condicionante à sua atividade.

Também o acesso ao financiamento, outro dos obstáculos que aflige o setor, não revela melhorias: em dezembro de 2012, o crédito às empresas traduzia uma redução homóloga de 3,1 mil milhões de euros, enquanto o crédito à habitação registava uma quebra de 27,6 por cento.

Ainda em dezembro de 2012, os fogos licenciados em construção nova caíram 53,6 por cento face ao mesmo mês de 2011. Foi, note-se, a primeira vez que se registou o licenciamento de menos de 700 fogos, num mês. Em todo o ano transato, os fogos licenciados caíram 34,7 por cento face a 2011, mas mais grave é o facto de nos últimos 11 anos este indicador ter caído 90,2 pontos percentuais.

Nuno Couto/Jornal do Algarve
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