Um Presidente celibatário no Eliseu

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Se optar pelo celibato, François Hollande será o primeiro Presidente da quinta república, ou seja desde 1955, sem primeira-dama no Eliseu

Os franceses são grandes rezingões, protestam por um nada, mas nas questões de sexo e poder aceitam tudo ou quase. Segundo uma sondagem deste domingo, não atribuem grande importância ao facto de François Hollande ter traído a ainda primeira-dama, Valérie Trierweiler, com Julie Gayet, uma atriz 18 anos mais jovem que ele.

Neste aspeto, os franceses são liberais e gostam de dizer que até acham alguma piada a estes episódios, com aspetos dignos de figurarem no enredo de uma peça de teatro cómica, tipo vaudeville.

Os gauleses, sobretudo os parisienses, separam os assuntos da vida privada e da vida pública, acham que ter uma amante faz parte das liberdades individuais e até consideram este género de casos um símbolo da modernidade que não têm os que eles chamam “os hipócritas puritanistas anglo-saxões”.

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No passado, os franceses também perdoaram todas as muitas facadas no matrimónio dos Presidentes Giscard d’Estaing, Jacques Chirac ou François Mitterrand. A este último, até desculparam que ele tenha protegido a sua segunda família e a sua filha secreta recorrendo a métodos ilegais, como escutas telefónicas de dezenas de personalidades e pressões fiscais contra jornalistas que pretendiam revelar o caso.

Contudo, apesar desta benevolência dos gauleses, no Eliseu considera-se que a separação, ou não, do casal presidencial tem de ser bem esclarecida e resolvida de forma digna tanto para Hollande como para Valérie – e sobretudo assumida de forma exemplar e sem ambiguidades.

Em Paris, diz-se que assessores do Eliseu aconselham o chefe de Estado – que prometeu esclarecer o assunto até 11 de fevereiro, data de uma visita de Estado aos Estados Unidos da América – a, se optar por Julie, não instalá-la imediatamente no Eliseu. Defendem um Presidente celibatário, sem primeira-dama, informa o matutino “Le Fígaro”. A acontecer seria a primeira vez na história da quinta República.

Valérie, que não é casada com François Hollande, saiu do hospital este fim de semana para passar uns dias de repouso em La Lanterne, um palacete que é uma residência secundária do Presidente, na região de Paris. O seu tratamento, à base de calmantes, passa também por convencê-la a encarar com serenidade e sem precipitações esta séria crise conjugal.

No fundo, mediadores tentam negociar com Valérie uma saída airosa para ela e o Presidente. Porque, apesar dos franceses se terem revelado, até agora, muito indulgentes sobre este caso, deixarão de o ser se virem o inquilino Eliseu embrenhar-se demasiado longamente numa caricata novela cor de rosa pouco digna da função presidencial.

RE

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