Uma algarvia no “olho do furacão” em Londres

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Partiu há cinco anos para Londres com o objetivo de progredir na sua carreira como fisioterapeuta, depois de dois anos a trabalhar em Portugal. Em março do ano passado, o aparecimento da pandemia de covid-19 no Reino Unido ‘empurrou-a’ para o tratamento da mobilidade de doentes com coronavírus. Atualmente a trabalhar com doentes infetados em plena terceira vaga num hospital de Londres, Laura Matias viu cenários nos cuidados intensivos que dificilmente irá esquecer

Laura Matias

A primeira experiência da fisioterapeuta Laura Matias, 28 anos, natural de Vila Real de Santo António, com a pandemia de covid-19 ocorreu em março do ano passado, quando apareceram os primeiros casos um pouco por todo o mundo.


“Estive a trabalhar com doentes covid quando a pandemia começou, em março e abril do ano passado. Depois, durante o verão, as coisas acalmaram no hospital, mas neste momento tenho estado novamente a trabalhar com doentes covid nesta segunda e terceira vaga”, refere a fisioterapeuta ao JA. 

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A fisioterapia é uma das áreas mais importantes no tratamento de doentes covid, que consiste em manter a mobilidade do utente, além da fisioterapia respiratória “que é o foco principal”. 


“Os baixos níveis de oxigênio é uma das principais consequências dos doentes covid. Esses níveis requerem intubação e uso de ventiladores e nós fisioterapeutas trabalhamos com o objetivo de melhorar os níveis, contribuindo para uma melhoria na condição geral do doente”, acrescenta Laura Matias ao JA.


Para a profissional de Saúde algarvia, que vive atualmente em Chelmsford, a terceira vaga “é, sem dúvida alguma, a pior e a que está a afetar os mais jovens”.


No entanto, o hospital inglês onde trabalha “preparou-se bastante bem e conseguiu lidar de forma positiva com a situação atual”, sem doentes pelos corredores.


“Devido à quantidade de admissões, o hospital estendeu a unidade de cuidados intensivos e abriu várias unidades com o objetivo de admitir doentes covid, para que estes tivessem todas as condições necessárias de tratamento”, refere a fisioterapeuta, licenciada pelo Instituto Politécnico de Setúbal. 


O hospital conta com profissionais de Saúde “suficientes” e Laura destaca o grande sentimento de entreajuda “entre os membros da equipa de terapia” durante estes momentos mais difíceis, onde também não falta acesso a todo o equipamento de proteção necessário e não existe sobrecarga horária. “Sempre me senti segura durante o trabalho”, acrescenta. 


Como profissional de saúde na linha da frente, “não é fácil lidar com a pandemia”, confessa ao JA, “não só devido ao número de admissões, mas também devido à doença ser nova para todos nós”. 


“Não é fácil ver doentes da idade dos meus pais, ou mesmo doentes mais novos do que eu nos cuidados intensivos. São imagens que dificilmente irei esquecer”, salienta. 


No entanto, Laura Matias dá o seu melhor como profissional de saúde, “todos os dias, para ver nem que seja uma pequena melhoria no doente e para contribuir para o bem-estar do mesmo”. 


“No final do dia ao terminar o meu turno, por muito difícil que tenha sido, sinto-me orgulhosa. Sei que dei o meu melhor para ajudar a todos e cada um dos doentes que tive a oportunidade de tratar naquele dia”, conclui.

Gonçalo Dourado

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