Incêndios: Uma tragédia à espera de acontecer

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O facto de o Algarve não ter sido afetado por grandes incêndios nos últimos anos é motivo de satisfação, mas também aumenta consideravelmente o risco de fogos. E como está a floresta na região, pode acontecer uma tragédia igual à de Pedrógão Grande. A opinião é do engenheiro Emílio Vidigal, presidente da Aspaflobal, que representa mais de 500 produtores florestais do barlavento algarvio. O maior problema, diz ao JA, é “a opção governamental de privilegiar o combate aos incêndios em detrimento da prevenção florestal”. “Agora, muitas vezes em períodos críticos, os postos de vigia estão desertos”, quando “antes existia uma permanência de 24 horas”. Por outro lado, denuncia Emílio Vidigal, “o custo de uma hora de helicóptero dá para pagar a permanência de vigilantes 24 horas/dia de três postos de vigia…!”. Ou seja, prevenir fogos é mais “eficaz” e “barato” que o combate

 

Jornal do Algarve – Depois dos grandes incêndios na serra de Monchique (2003 e 2004) e na serra do Caldeirão (2012) – e já com a devida distância –, consegue explicar o que aconteceu?
Emílio Vidigal – O fenómeno está explicado: abandono do mundo rural, aumento da carga combustível, devido a falta das práticas agrícolas que a presença de atores no terreno potenciava, acompanhada da opção governamental de privilegiar o combate aos incêndios em detrimento da prevenção florestal.

J.A. – Poderia ter sido mais trágico, como aconteceu recentemente em Pedrógão Grande? Sabe se houve (ou há) algum problema com o sistema de comunicações de emergência no Algarve?
E.V. – Não estou em condições de falar sobre o sistema de comunicações, mas posso adiantar-lhe que a extinção dos serviços florestais, assim como a passagem das suas competências para outras instituições, foi uma machadada na organização nacional de gestão e proteção da floresta.

J.A. – Como assim?
E.V. – Posso referir a vigilância e permanência nos postos de vigia: com os serviços florestais existia uma permanência de 24 horas nos postos de vigia. E a época de início e fim era de acordo com a situação meteorológica. Agora, por necessidades orçamentais, muitas vezes em períodos críticos, os postos de vigia estão desertos. Quer isto dizer que se privilegia o combate em detrimento da prevenção…!

J.A. – E os meios aéreos? Acha que estão longe de serem o mais eficaz meio de combate aos incêndios na região?
E.V. – Basta dizer que o custo de uma hora de helicóptero dá para pagar a permanência de vigilantes 24 horas/dia de três postos de vigia…!

J.A. – Então, considera que pode acontecer uma tragédia provocada pelos incêndios no Algarve?
E.V. – Claro que sim. O problema está evidenciado há vários anos e, se não for corrigido, volta a acontecer…

Em apenas dois anos (2003 e 2004) a região viu esfumar-se mais de 1/3 da sua área florestal – 100 mil hectares, com as Serras de Monchique e do Caldeirão a serem as mais castigadas. O cenário pode repetir-se

(ENTREVISTA COMPLETA NA ÚLTIMA EDIÇÃO DO JORNAL DO ALGARVE – NAS BANCAS A PARTIR DE 31 DE AGOSTO)

Nuno Couto | Jornal do Algarve

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