Universidades à procura de alunos estrangeiros

ouvir notícia

.

As novas regras para admissão de estudantes internacionais em licenciaturas e mestrados integrados foram publicadas há um mês e várias instituições de ensino superior já se lançaram na corrida em busca de novos “caloiros” e mais receitas.

No site da Universidade de Coimbra (UC) há informações específicas para candidatos do Brasil, que tenham completado o ensino médio e realizado o respetivo exame nacional, o Enem, que serve de acesso ao ensino superior brasileiro, mas que pode agora ser reconhecido pelas instituições portuguesas.

Queremos atrair estudantes de todo o mundo mas sabemos que a maior parte virá do Brasil e por isso temos informação mais detalhada para estes alunos. A China é outro mercado onde queremos apostar”, explica Joaquim Ramos Carvalho, vice-reitor da UC.

- Publicidade -

Na página da internet fica-se a saber quantas vagas há em cada curso (Medicina está fora deste regime), que as propinas rondam os sete mil euros anuais e há ainda cálculos às despesas mensais e por ano que é expectável que um aluno deslocado tenha com o alojamento, alimentação ou material. “Coimbra permite ter uma qualidade de vida elevada por custos razoáveis quando comparada com outras cidades europeias”, promove-se no site.

É também para este mercado que a Universidade de Lisboa (UL) está a olhar, naquele que será mais um ano de experimentação do que de grande investimento. A língua é uma das razões óbvias – a grande maioria dos cursos são lecionados em português -, mas não a única. “O número de jovens brasileiros a completar o ensino secundário está a crescer exponencialmente e não existe capacidade ao nível de ensino superior para todos”, explica Eduardo Pereira, vice-reitor da UL.

De acordo com a proposta do reitor, as propinas deverão também rondar os sete mil euros, admitindo-se que as faculdades aumentem ou baixem os preços em função do tipo de cursos.

O estatuto do estudante internacional estabelece apenas que estas taxas “têm em conta o custo real da formação e os valores fixados noutras instituições de ensino nacionais e estrangeiras”.

“Tanto no Brasil como na China, é habitual os jovens deslocarem-se milhares de quilómetros quando vão para a universidade”, diz Eduardo Pereira. Mas o mercado mais interessante, salvaguarda, continuará a ser o dos mestrados e doutoramentos. “A maior parte dos países consegue ter licenciaturas com alguma capacidade e procura é uma formação mais especializada, de 2º ciclo”.

Licenciaturas em inglês

A Nova School of Business and Economics (Nova SBE) é outra das escolas com trabalho adiantado e que terá no próximo ano turmas nas licenciaturas em Economia e Gestão lecionadas totalmente ou parcialmente em inglês (1º ano em português), de acordo com a preferência dos candidatos não europeus.

Brasil, África e América Latina são os mercados preferenciais e as propinas rondarão os seis mil euros. Com cerca de 50 vagas, está prevista a admissão de alunos em setembro e em fevereiro, altura em que a Nova SBE espera receber mais estudantes. “Se queremos recrutar jovens de diferentes geografias temos de ter essa flexibilidade curricular, já que nos países do hemisfério sul o ano letivo tende a começar em fevereiro”, explica João Amaro de Matos, responsável pela área de internacionalização e que já esteve em secundárias brasileiras a promover a escola portuguesa.

Na Católica-Lisbon Business and Economics, que enquanto escola privada tem menos constrangimentos no recrutamento de alunos, vai ser lançada uma espécie de versão internacional da licenciatura em Economia e Gestão, “lecionada do princípio ao fim em inglês” e que tem como público alvo estudantes estrangeiros.

Com a aprovação do estatuto do estudante internacional, as universidades e politécnicos podem agora estabelecer regras especiais de acesso para estes candidatos (apenas têm de garantir que têm as habilitações que seriam exigidas no país de origem para entrar no superior e que estão qualificados academicamente para frequentar os cursos) e cobrar propinas mais elevadas que os cerca de mil euros que se aplicam aos estudantes nacionais.

De fora deste regime ficam os alunos da União Europeia ou que, não sendo nacionais de um Estado membro da EU, residam em Portugal há mais de dois anos. E ainda os alunos dos regimes especiais de acesso, como os bolseiros que vêm dos Palop, e de programas de mobilidade internacional (como o Erasmus).

Em regra, as instituições vão poder abrir vagas adicionais para estes alunos, até ao limite de 20% em relação ao número de lugares fixados para o regime geral de acesso.

JA

- Publicidade -
spot_imgspot_img

Deixe um comentário

+Notícias

Exclusivos

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.