Universitários e população da capital algarvia de costas voltadas

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A cidade de Faro e a comunidade estudantil da Universidade do Algarve vivem, praticamente, de costas voltadas, mas o autarca Macário Correia e o reitor João Guerreiro defendem mais sinergias e ofertas para os estudantes para o futuro.

O reitor da Universidade do Algarve, João Guerreiro, e o presidente da Câmara de Faro, Macário Correia, admitem que a capital algarvia tem pouca oferta para atrair os universitários. A oferta cultural que existe é pouca, salvando-se os eventos no Teatro Municipal de Faro e do Teatro Lethes, as ruas dos bares para vender álcool e o Fórum do Algarve com animação esporádica.

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“A cidade de Faro tem de criar condições para atrair os estudantes. Não é uma cidade muito acolhedora, mesmo no centro histórico, conhecido por Cidade Velha, há pouca oferta”, argumenta o reitor João Guerreiro, admitindo que uma ciclovia poderia ajudar a amenizar a barreira de seis quilómetros que separa um dos principais campus universitário da cidade.

Também Macário Correia admite que as sinergias têm se ser mais articuladas entre universidade e a cidade, nomeadamente ao nível de pólos culturais e percursos para bicicletas.

“A Baixa de Faro tem um Macdonald’s, têm umas pizzarias, mas não há um cinema de estúdio, não há um clube de jazz, não há espaço para tertúlias ou um espaço museulógico e que é que o que atrai a malta nova”, considera Macário Correia, lamentando que a única oferta em Faro é a Rua do Crime com os bares a vender álcool.

Se adicionarmos à fraca agenda cultural uma precária mobilidade em termos de transportes, temos uma mistura para os universitários estarem cada vez mais divorciados da cidade.

“Há um grande divórcio da comunidade estudantil com a cidade de Faro e que se mantém ao longo dos anos”, admite também Nuno Aires, presidente do Turismo do Algarve, considerando que a principal culpa é o facto de uma parte da universidade estar no campus das Gambelas, a meia dúzia de quilómetros do centro da cidade e de não estar bem servida de transportes públicos.

Macário Correia garante, por seu turno, que está a trabalhar para a criação de uma ciclovia entre Faro e as Gambelas para estar pronta dentro de “um a dois anos”.

“Estamos a trabalhar nisso [ciclovia], estamos a tentar fazer um percurso alternativo em relação ao percurso que foi pintado e penso que no horizonte de um ou dois anos conseguimos ter uma ciclovia”, declarou à Lusa.

É no campus das Gambelas, localizado junto à Ria Formosa e à Praia de Faro, que está a Reitoria, Serviços Académicos, Biblioteca Central, as Faculdades de Ciências e Tecnologias ou de Ciências Humanas e Sociais, Complexo Pedagógico ou o Restaurante Universitário.

E é também ali nas Gambelas, que estudam e vivem universitários, muitos deles sem viatura própria, nem bicicleta, para poder usufruir de Faro e criar empatias com a maior cidade da região algarvia.

A Universidade do Algarve (UALg) tem uma comunidade estudantil que ronda os 10 mil alunos, mas que vive de “costas voltadas” para a cidade e vice-versa, considera também Pedro Duarte, ex-aluno da UALg e diretor da Rádio Universidade do Algarve (RUA).

Segundo aquele responsável, a população de Faro, mas também a reitoria e a Associação Académica da UALg têm de perceber que os estudantes são essenciais para o tecido económico da cidade.

Se, por exemplo, os alunos boicotarem fazer compras em Faro, muitos empresários vão à falência, considera Pedro Duarte, acrescentando, todavia, que os estudantes também têm de provar que não estão interessados apenas em álcool e saídas à noite.

O líder do PS/Algarve, Miguel Freitas, também admite que o facto da centralidade da Universidade do Algarve ser no campus das Gambelas não favorece a vinda dos estudantes ao centro da cidade.

O socialista defende, por isso, “soluções criativas” como a criação de uma ciclovia ou táxis coletivos com preços pré-estabelecidos, à semelhança de outros países da Europa.

Cerca de dois mil estudantes da UALg concentraram-se na semana passada à frente da Câmara de Faro para pedir a Macário Correia que reavaliasse a decisão de reduzir os horários de abertura do recinto da festa dos caloiros (alunos novos).

A Associação Académica da UALg acusou mesmo a Câmara de Faro de tratar os estudantes da cidade como “bandidos” e de “esmagar” a receção aos novos alunos por impor horários restritivos à Festa do Caloiro.

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