Vai Andando Que Estou Chegando

Opinião de Carlos Figueira

A semana. Como assinalava no texto da edição da passada semana os dias que se lhe seguiam, apresentavam-se perante acontecimentos de enorme relevo – o referendo no Rei Unido sobre a saída ou não da UE e as eleições gerais em Espanha – como acontecimentos que pronunciavam a possibilidade de se materializarem alterações políticas com relevo em toda a Europa, o que de facto se veio a confirmar. Contrariando os resultados das últimas sondagens os britânicos votaram pela saída da UE e no mesmo sentido a esquerda em Espanha perdeu espaço e força política quando se anunciava o inverso.

A saída do RU. Muito se tem já especulado sobre as razões que determinaram o voto maioritário que conduziu a tais resultados. O medo do desemprego, a perda de direitos, os impulsos anti emigração fomentados por uma ultra direita populista, causas múltiplas somadas à incapacidade de um líder político de um partido conservador, de direita clássica, para gerir uma situação por si criada sem qualquer necessidade para além de cobrar na chantagem perante a UE maiores benefícios à custa de prejuízos terceiros. Mas estando a situação neste ponto creio que seria útil à esquerda fixar-se nalguns objectivos, longe de se embaraçar em propósito (tais como a proposta do BE para a realização de um referendo sobre a nossa permanência na UE) o que de momento só nos afastam do essencial e nesse sentido e tendo neste momento presente na minha opinião que o futuro do País passa pela sua permanência como membro da UE, nos deveríamos fixar a introduzir no debate e na procura de alianças para tal, num combate político que conduzisse a uma maior democratização das estruturas directivas da UE, acabando com o Euro Grupo e a exigir a demissão do Presidente da Comissão Europeia, a exigência de maiores poderes para o Parlamento em simultâneo com um processo de alteração do Tratado Orçamental. De caminho procurar tratar a saída do RU de forma expedita. Ou seja não alongar por dois anos este processo tal como é configurado no Tratado de Lisboa.

A Espanha. Após os resultados conhecidos somos facilmente levados para a conclusão de que tudo afinal ficou igual. Ora a meu vêr não é tanto assim. O PP continua a ser a força mais votada e aquela que obtem um resultado maior nestas eleições apesar dos processos conhecidos de corrupção de boa parte da sua gente; o PSOE mantem o lugar de segunda força política mas perde para o PP bastiões como a Andaluzia e a Estremadura; Podemos com EU fica longe de todas as expectativas perdendo um milhão de votos apesar da aliança criada e o Partido dos Cidadãos – uma espécie de direita reciclada sem rótulos de corrupção embora sem participação até agora no poder – perdendo votos para a direita ou para a abstenção. Deste conjunto de resultados ressalta a evidência de que nenhuma força politica por si só tem a possibilidade de formar governo, sendo que as coligações em apoio de um novo governo, se apresentam agora num quadro de uma mais complexa realidade politica. Ou seja, nada ficou como antes. Os próximos dias ditarão para que caminho a solução se dirige mas, qualquer que seja o novo governo que se terá de formar, apoiar-se-á numa enorme fragilidade politica dado a extensão dos acordos e compromissos que terá de estabelecer para garantir uma maioria absoluta no Parlamento. O PP é a força política melhor colocada para encontrar tal solução prevendo que para tal contará com a abstenção do PSOE. A ver vamos!

Os empregos. No último programa da Sexta à Noite passado na RTP 1, fiquei a saber que a Barragem do Tua tinha sido objecto de reservas ambientais, por parte de organismos internacionais que colocavam em causa a sua execução, problema que foi contornado pelas inestimável diligência do maneiroso Paulo Portas e da sua substituta à frente do CDS, bem como, com a qualificada experiência do ex-embaixador, o manhoso Seixas da Costa. Num final feliz ficaram todos como empregados da Mota Engil empresa a quem tinha sido adjudicada a obra.

Carlos Figueira

 

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