VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

Opinião de Carlos Figueira

Confesso que a partir de meados de Agosto e sobretudo durante todo o mês de Setembro estive próximo de uma depressão, eu que ao longo da vida não me faltaram motivos para tal tendo conseguido manter-me até agora numa posição emocional equilibrada, gerindo da melhor forma as múltiplas situações de stress que os diversos planos de vida têm propiciado.

Mas, agora foi demais, e quando me dei conta finalmente que o mês de Setembro tinha sido ultrapassado sem que nenhum meteorito, terramoto, maremoto e demais desgraças naturais e sobrenaturais tivesse atingido quer a Norte quer a Sul o nosso querido País, deu motivo, confesso, para abrir uma garrafa de champanhe. Afinal a desgraça anunciada por Passos Coelho que em Setembro o País se confrontava com o diabo, não tinha tido qualquer correspondência com a realidade mas antes com os delírios de uma personagem que, e por enquanto, exerce funções maiores no segundo partido português no Portugal democrático, tinha confundido a realidade com seus delírios, porque perder o exercício do poder, presumo, que deve custar bastante. Passada que foi esta experiência traumática creio que fiquei em melhores condições para relativizar de todo os futuros anúncios de demais catástrofes, sobretudo porque se aproxima a discussão e aprovação do Orçamento de Estado para o próximo ano. Veremos…!

Para quem ainda alimentasse dúvidas sobre o comportamento ético de Durão Barroso ex-presidente da Comissão Europeia, quanto à sua ligação à Goldman Sachs, a ponto de alguns fiéis terem vindo a público a propor a realização de manifestações em seu apoio (tinha alguma piada que levassem a intenção até às últimas consequências), a edição do Jornal Público de 24 de Setembro desfaz qualquer dúvida sobre a nobreza e a qualidade do seu comportamento, porque fica claro que as ligações deste senhor a uma das maiores instituições financeiras mundiais que, entre outras tropelias ajudou a aldrabar as contas da Grécia, factos agora conhecidos e executados antes do Governo do Siriza, permitindo a realização de reuniões privilegiadas com este potente grupo financeiro, a acolher sugestões do mesmo, quanto a políticas da EU, enquanto Presidente da mesma, lhes asseguraria um lugar confortável para o seu futuro, podendo dispensar até para uma instituição de solidariedade social a pensão vitalícia de 15.000 euros proveniente da EU.

A Espanha vive momentos de enorme dificuldade no quadro da oposição a um governo de direita há muito no poder e com mãos sujas de corrupção a uma escala inimaginável. Mas, a situação presente, decorrente da demissão de Pedro Sanches, forçada pela grande maioria do barões deste partido, ou seja por quem exerce poder nas diversas autonomias ou nos conselhos de administração de grandes empresas, estende o tapete para uma abstenção do PSOE a um governo de Rajoy e abre a Suzana Dias, líder na Andaluzia, onde o PSOE dispõe de amplo apoio, a possibilidade de ascender a presidente do Partido. Mais uma vez desvendando as contradições em que se encontram alguns dos mais importantes Partidos Socialistas na Europa, divididos entre alianças à esquerda ou com o centro direita, cujo exemplo maior, pela sua importância estratégica é observado na Alemanha e, noutro sentido, pelo carácter das políticas praticadas no País e alianças no seio da EU o que pode conduzir à perda de influência do PS francês, porque, a confirmarem-se os números das diversas sondagens, poderão abrir-se portas de novo a Sarcozy ou à extrema-direita.

As últimas notícias do dia dão tragicamente conta (estou a escrever por razões editoriais na segunda-feira) da derrota em referendo do acordo de paz na Colômbia, entre governo e guerrilha, pondo dessa forma fim a dezenas de anos nos quais se consumiram centenas de milhares de mortes, em combate ou em assassinatos, situação que abre um processo que a comunidade internacional dava por cumprido, abrindo um vazio sobre o que se passará no dia seguinte. O comportamento humano em momentos muito particulares tende a surpreender-nos pelas piores razões.

Carlos Figueira

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