VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

Estamos em tempos de balanços, finais de ano, a tradição repete-se. Não é que daí resulte algum mal, pelo contrário, até ajuda a compreender o que de medíocre constitui hoje, não só a notícia publicada, mas igualmente o comentário político e, nessa perspectiva, diria que ao vazio, à deformação e à ignorância publicada, como saberes inquestionáveis, se associam, ou decorrem, de um pensamento, salvo raras excepções, marcadamente de direita, servido em dozes festivas que, em muitas circunstâncias, se aproximam da pornografia ou do vaiorismo.

E nesse sentido sublinho desde logo todo o espectáculo televisivo de que tem sido alvo a simples operação a uma hérnia inguinal do Presidente da República, a ponto de alguns chegarem a invocar a possibilidade de Marcelo ser temporariamente substituído do cargo. À ignorância associa-se a mais completa irresponsabilidade.

Mas regressando aos balanços a intervenção do líder parlamentar do PSD é um bom exemplo da deriva em que este partido se encontra. Ao ouvi-lo fica-se perplexo. O senhor está a falar para um País que não existe. Tudo o que resulta da acção deste governo, com o apoio parlamentar do PCP e do Bloco, cujos resultados estão por demais visíveis, no crescimento da economia, na diminuição do desemprego, na reposição de direitos sociais, na actualização de carreiras na administração pública, de um novo posicionamento no quadro da EU, de entre outras medidas que serviram para melhorar a vida dos portugueses, pelos vistos é tudo objecto de ficção ou do aproveitamento de uma “bolha” cujo significado em concreto não se chega a perceber, ou do esvaziamento, no seu entender, de uma aliança política que está prestes a esgotar-se. Fala portanto para um País que não existe e tal postura é fatal para um partido que aspira ao poder porque, cavalgar na desgraça, não acrescenta influência e correspondentes votos na sociedade, quando esta em futuras eleições for chamada a pronunciar-se.

No mesmo sentido vão a maioria dos comentaristas escritos ou televisivos quando chamados ao balanço e analise dos resultados obtidos nestes dois anos de governação do PS com apoios pontuais do PCP, Bloco e Verdes. Para estes o que predomina é a conjuntura, e os golpes de magia de Centeno.

Tudo somado o que os aflige, incomoda e pretendem a todo o custo, arregimentando para outra solução a direita existente no seio do PS, é a de afastar, mesmo que de simples acordos, a esquerda em soluções de poder.

A direita e o centro direita navegam então entre o populismo obsceno do CDS e a deriva que decorre nas eleições para a direcção do PSD no quadro da qual está presente não só a desautorização do actual grupo parlamentar o que de todo não credibiliza quem concorre, como ficamos agora a saber pela voz de um dos concorrentes, Rui Rio, que das muitas reformas que sempre se anunciam mas nem de todo se explicitam é que o senhor em matéria de regime politico defende uma profunda transformação do mesmo, com redução de direitos e liberdades o que implicaria uma revisão constitucional. Esse é a prazo o grande objectivo da direita e do centro direita, incomodados com o quadro actual em que, apesar de todos os recuos e alterações produzidas, se rege constitucionalmente o regime democrático saído do 25 de Abril.

Fica para a próxima uma abordagem sobre a alteração do financiamento dos partidos políticos que tem suscitado tanta polémica nos últimos dias.

Carlos Figueira
[email protected].

NB: Defendo que o aeroporto de Faro se passe a chamar

aeroporto do Algarve Manuel Teixeira Gomes

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