VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

Creio que ainda a alguma distância o que marca o posicionamento dos partidos, à direita, ao centro e à esquerda, são as eleições que no próximo ano ocorrerão para o Parlamento Europeu e sobretudo para a Assembleia da República, ou seja, neste último caso, quem mantiver o poder. Neste sentido o desafio que o centro direita enfrenta é poder ficar fora da área de poder por mais quatro anos numa versão mais optimista da evolução da situação política.

A balburdia política em que o PSD se encontra não é bom sinal para enfrentar a tragédia que lhe pode acontecer. Envolvido em divisões de fracções, em guerra com o grupo parlamentar, com um Presidente que embora com qualidades que lhes possam reconhecer, foi eleito por uma minoria dos deputados que tem de gerir, a situação não se apresenta fácil, nem credível, para o eleitorado de centro, que tem na gestão minoritária de numa coligação que o centro direita e o populismo da extrema direita, sempre depreciaram, um obstáculo de peso, sob pena do centro direita e a extrema direita, ficarem com o acesso ao exercício de poder por mais de uma legislatura.

O actual dirigente do PSD, Rui Rio, enveredou por um caminho, tal como na gestão da Câmara do Porto, em encontrar soluções fora do normal funcionamento das estruturas partidárias, decisões marcadas por uma postura autoritária, num movimento de decisões políticas e de gestão interna, que se aproxima, singularmente, do centralismo democrático do PCP, que tanto o criticaram, por ser a expressão máxima do antidemocrático, designadamente, quando no seu caso, retira dos deputados eleitos do seu grupo parlamentar, a discussão com o governo de dois dossier fundamentais para o futuro do País, ou seja, o próximo quadro financeiro da EU, o dois mil vinte, dois mil trinta, no qual se decidirá bastante do País que entendemos ter, e o processo de descentralização que, na minha opinião, sendo um indefectível apoiante da regionalização, pode ser um passo intermédio para se conseguir erguer tal objectivo.

Neste contexto político permitam-me duas observações finais. Não entender quer da parte do Bloco, quer do PCP, as inquietudes manifestadas, sobre o diálogo que o PSD tinha de promover com o PS sobre, pelo menos, estes dois dossiers em causa. Competia a Rui Rio como maior partido de oposição fazê-lo, porque não haverá soluções para as grandes reformas de que toda a gente fala e nas quais há todo um vazio de concreto os passos que se anunciam, tanto mais que por parte da direita o que se conhece até agora (segurança social, reformas, direitos de trabalho) retomam ao passado. Creio que em tal contexto, falta à esquerda, apresentar mais do que soluções para o imediato, mas indispensavelmente, apresentar soluções para o curto e médio prazo que corporizem a sua ideia de País.

Por último, Marcelo continua na sua operação de comentador e presidente numa mistura de funções que em muitos casos invade as competências do governo que não são as dele. A reacção de Costa tem sido prudente marcada pela diplomacia e a preservação do bom relacionamento entre órgãos constitucionais. Sendo que na visão política de Marcelo está, como nunca a meu ver deixou de estar, a construção de uma acção governativa assente num bloco central entre PS e PSD, meio caminho para ganhar espaço para tornar possível uma revisão constitucional a seu gosto político. Pode ser este mais um dos desafios para os próximos dois anos.

Carlos Figueira

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