VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

O tempo está inóspito, desagradável, embora não tenha chovido, como aconteceu em grandes áreas do território. Ventos cruzados deixam pouco espaço para disfrutar o sol que, embora envolto entre nuvens grossas, acontece. Dizem-me os meus amigos da tertúlia das quartas-feiras, que o Levante não tem tido força para se impor. Confesso que não tenho engenho à mão para remediar tal ocorrência, nem eles sabedores como ninguém, confessam igualmente a sua impotência, cuja solução, a mais não ser, o entregam à paciência.

A vida política decorre também, tal como o clima, num ambiente um tanto confuso como crispado, sobretudo à esquerda. Já que à direita por muito esforço e apoio que disfrutam na comunicação social (ver o artigo no último Expresso de MST) todo no sentido de arrastar o PS para acordos de centro direita, o que têm para oferecer é um discurso vazio expresso na iniciativa de Rui Rio ter descoberto no 10 de Junho uma homenagem em Bissau para os portugueses que aí perderam as suas vidas na guerra colonial e Assunção Cristas se ter apropriado sem vergonha de uma festa organizada a propósito da data de emigrantes portugueses em França.

A crispação à esquerda é em si mesmo inquietante, sendo cada vez mais claro que no que respeita ao PCP são visíveis no discurso e no posicionamento político face ao PS, as diferenças que marcam uma posição mais sensata, a meu ver, de Jerónimo, face às assumidas por Francisco Lopes, membro da CP e do Secretariado do PCP.
Há seguramente razões para o descontentamento que permanece na sociedade perante injustiças que perduram e às quais o governo do PS não tem dado nem respostas nem esperança, o que tem nos últimos tempos criado justos motivos de preocupação perante soluções futuras. É claro que a direita deseja regressar ao poder o mais cedo possível, é disso que em última instância se trata, o que aconselha a uma postura de bom senso, de paciência e preserverância, em defesa do que é defensável no País que temos e herdamos.

Ao longo dos tempos alertei aqui para a situação inqualificável em que se encontrava o troço da EN 125 sobretudo entre VRSA e Olhão e mesmo para a da Via do Infante no mesmo percurso, embora em via paga. Aqui houve alguns remendos já este ano. Agora temos o anúncio do início de obra, na EN 125, para tornar o percurso mais seguro. É, em si mesmo, uma boa notícia, que não deve ser misturada com a necessidade de serem efectuadas obras mais estruturais, nem tampouco a serem apropriadas por forças políticas que, enquanto governo, e foram vários,nada fizeram para melhorar este troço que o colocavam, como então publiquei, ao nível de um País de terceiro mundo.

O novo Governo em Espanha traz a notícia, por uma das jovens mulheres que o compõem, da necessidade de ser revista a Constituição, de forma a consagrar uma nova política quanto à organização do território. Ou seja, pelo que é perceptível, caminhar para um regime federativo, que responda às velhas reivindicações de separação de Espanha, presentes na Catalunha e agora de forma mais expressiva no País Basco que reivindicam um referendo para decidir tal sensível matéria. A abertura do Governo para enfrentar, sem subterfúgios, este pesado problema, deixa uma porta aberta para uma solução negociada sem por em causa a unidade de Espanha como nação.

Carlos Figueira

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