VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

Desde há algum tempo que tenho vindo a observar, em crescendo, o número de pessoas que se dedica na margem do rio à actividade piscatória. Gente de várias idades e pelos vistos de diferentes origens. Atrevi-me, num fim de tarde, antes de chegar a casa, a conversar com um deles, da curta conversa aqui vos dou conta porque a considerei bastante interessante.

– Então como vai a pesca?
– Hoje muito mal, estou aqui há nove horas e ainda não pesquei nada!

– E não se aborrece?
– Bem eu não tenho de apresentar qualquer “Tese“ tenho é um tempo vazio para ocupar.
Tratava-se de uma pessoa de idade para além dos sessenta anos, robusta e com um aspecto bastante saudável à minha vista.

– E então o porquê de o cobrir com esta actividade?
– A alternativa era passar horas frente a um qualquer canal de TV a ver e ouvir programas estupidificantes. Esta actividade tornou-se desafiante. Não exige grande sabedoria, basta estar atento às marés e informar-se do isco adequado para a melhor captura.

-E qual o peixe que captura?
-Bom… ainda tenho esperança de capturar um bom robalo de mais de um quilo ou de outra espécie cujo valor de mercado é alto.

– Então não é para seu consumo?
– Algum será, mas na maioria dos casos é para venda, tenho mercado assegurado, porque não existe noutro qualquer lugar, pescado desta frescura e qualidade.

– Porque prefere esta margem do rio a Ayamonte?
– Porque do outro lado não temos acesso tão fácil ao rio e para mais o peixe navega mais por este lado. Se observar o movimento das àguas dar-se-á conta desse facto de um leito de um rio, na sua foz, estar partido ao meio como de uma qualquer fronteira se tratasse.
Mais um lançamento de esperança foi deitado ao rio. Só mesmo me restou desejar:
-Então boa sorte para o que resta do seu tempo.

Estamos em presença, de entre muitos outros factores, de um suplemento positivo, proporcionado pelas regiões fronteiriças, em boa parte navegando, vivendo, com a desertificação humana que as despovoa e empobrece.

Goste-se muito ou pouco de futebol, e mesmo o que se pode contestar, com alguma razão, do exagero das horas e comentários que lhes estão associados, todavia a circunstância de estar a realizar-se na Rússia o Campeonato Mundial de Futebol com participantes representando Paises e povos de todos os continentes, é em si mesmo um grande acontecimento.

Carlos Figueira

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