VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

Nas últimas intervenções políticas produzidas, quer por parte de Catarina Martins e de Jerónimo de Sousa, no contexto da discussão em sede das comissões parlamentares do OE, nas quais podem resultar melhorias sobre o instrumento que o governo propõe, creio ser de sublinhar, que a esquerda no seu conjunto, se afirmar perante o centro esquerda representado pelo PS, ter como objetivo, ter mais força política, ou seja, mais votos e maior representação parlamentar. Ou seja, sem abdicar dos seus projetos de sociedade, o seu posicionamento e reivindicações que o comportam, ter de ser observados e geridos à luz dessa realidade. Não se trata de abdicação, mas antes compreender que a correlação de forças em presença, ganhava maior consistência e credibilidade se correspondesse a um maior aumento da sua influência na sociedade. O que conduz ou pode conduzir, a um comportamento político no qual, as diferenças de projeto, sejam tornadas claras em relação ao PS, mas igualmente se mostrem disponíveis para o prolongamento de acordos paras os próximos anos. É assim, a meu ver, em torno desta questão central, a do seu posicionamento político face às próximas eleições legislativas, que se pode evitar uma imprudente maioria política do PS. Ou seja que o objetivo maior está do lado de impedir o regresso da direita no seu conjunto ao poder, com ou sem alianças com o PS.

O caso de Tancos continua a ser argumento político da direita, diria à falta de melhor, cujo objetivo, pelas declarações que vêm sendo produzidas, por parte do CDS e do PSD, apontem já com o alargamento de responsabilidades ao próprio Presidente da República. Um pouco na linha do seu comportamento político face ao OE proposto pelo governo, representado por num desvario total, face ao mesmo. Já aqui o referi, em crónicas anteriores, a resposta da direita no seu conjunto é uma não resposta, na qual se torna claro, na nuvem que a encobre, a alternativa é privatizar serviços públicos na educação, na saúde, nos transportes e por aí fora. Devo aqui sublinhar, por experiência própria, que recorri a serviços de saúde prestados por grupos privados, cuja eficiência não se distanciou em qualidade e eficiência, dos prestados pelos Serviços Nacionais de Saúde.

A espetacular parada militar, pelos vistos a maior até agora organizada no País, da responsabilidade do Presidente da República, Comandante Supremo das Forças Armadas, a propósito das comemorações dos 100 anos do termo da primeira guerra , na qual Portugal participou, à sua dimensão, com um contingente significativo de homens, das quais resultou não só o número de mortes em campo, mas as consequências que se arrastaram pela morte posterior de outros tantos, vítimas do que se chamou o “gaseamento “ de que foram vítimas, tal comemoração do armistício, remete-nos a meu ver para uma questão da maior relevância na actualidade a que Marcelo procurou responder.

Desde logo que a politização das forças armadas por grupos político de poder, conduz em regra ao desastre, respondendo assim, à perturbação que nos últimos tempos, se tornava visível, e nesse sentido, se vive ou vivia, no interior dos vários ramos das forças armadas a que, a questão em torno do mistério até agora não desvendado de Tancos assumia um clima inquietante. Nesse contexto o espetáculo dado pela grandiosidade do desfile, pode também ter servido a Marcelo, para acalmar hostes e ambições de poder, eventualmente alguns, à margem da Constituição da República.

Carlos Figueira

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