VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

O tempo eleitoral marca o tempo político. Já se esperava que assim fosse, mas creio que concordando com recentes declarações sobre o mesmo de Catarina Martins, esperam-nos tempos marcados por lixo, quer quanto à natureza do que se esconde por detrás de um verbalismo sem conteúdo, quer quanto ao que representa de insegurança da direita nos momentos que ocorrem, beneficiando de uma comunicação social que os abraça a não mais ver. Diria mesmo que, com toda a razão que também me assiste, a direita está manifestamente em dificuldades de afirmação porque a vida real corre em sentido contrário às suas críticas sobre a situação real do País, apesar de todas as incertezas.

Vejamos, admitindo e tendo em conta, todas as cautelas que temos de considerar, quer sobre a evolução da economia no quadro da UE e as consequências que em particular o nosso País possa ter negativamente, em função particular do Brexit, o emprego diminuiu em termos históricos, o investimento público anunciado para obras estruturais para o País vai processar-se, a crer no que está anunciado, a ritmo contínuo nos próximos anos, novo aeroporto, modernização de portos e vias de comunicação, modernização das forças armadas e, tão importante quanto isso, o investimento numa indústria militar de reparação e construção, a descentralização de competências e fundos para as regiões, num processo que deve estar concluído até 2021, no prazo das novas eleições autárquicas, calendário que se anuncia como um momento importante para a criação das Regiões Administrativas, ou seja, são tempos, mesmo perante a incerteza em que o mundo vive, quer na Europa, quer no resto, que dão a quem por cá vive alguns sinais de alívio e de esperança.

Neste contexto a direita responde com a radicalização e o confronto com a ordem constitucional. O PSD preocupado com a criação de uma nova Lei eleitoral que conduza à redução do Parlamento e portanto à redução da diminuição da representatividade regional no Parlamento mas, sobretudo, que conduza à centralização em dois partidos, as decisões do País numa polarização insustentável. Por sua vez o CDS, à falta de imaginação, num campo que cada vez se lhe afigura mais estreito, refugia-se nos comentários dos casos do dia, erguendo como acontecimento nacional, o motor que caiu na automotora do Minho, e agora o recente partido criado à imagem de Santana Lopes, o Aliança que, devo dizer, se me recordo bem, nunca venceu nenhuma eleição direta como principal candidato, a não ser à Câmara da Figueira da Foz, onde aliás demorou pouco tempo, propondo como grande novidade programática o fim do Serviço Nacional de Saúde e mudanças substantivas no sistema público de educação, tendente a privilegiar, à custa do Estado, o ensino privado.

Assim está no plano político o estado da direita, o que não significa que o lixo e a demagogia atraiam eleitores que, com alguma razão, desiludidos, se tenham colocado desde há muito, à margem do sistema político, democrático, abstendo-se.
No campo oposto, à esquerda, com a participação indispensável do PS, liderado por AC, abriu-se um caminho até aí pouco percorrido ao longo destes anos de democracia, marcado por diferenças, mas sobretudo procurando pontes de convergência. Desse ponto de vista e de situação presente, não me recordo ao longo de todos estes anos após o 25 de Abril, ouvir, notar, ter presente, a declaração de um primeiro-ministro e Secretário Geral do PS, que não faria qualquer tipo de alianças com a direita, em privilégio estratégico, com os acordos à esquerda que se têm mantido apesar de todas as diferenças.

Por último foi inaugurado na cidade de VRSA, o único hotel de 5 estrelas, existente até ao momento, produto de um percurso longo marcado, em primeiro lugar, por assumir a propriedade do antigo e emblemático Hotel Guadiana, depois por um longo processo de recuperação, financiado pelo fundo Jessica, e agora gerido em termos contratuais por uma cadeia hoteleira de referência mundial. Trata-se, sem dúvida, de um grande passo para a economia da cidade e do destino turístico de VRSA.

Carlos Figueira

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