Vai Andando Que Estou Chegando

As eleições legislativas em Espanha apesar do seu interesse ocupar as atenções de uma pequena parte dos portugueses, a esta situação temos de dar atenção devida, o que significa abatermo-nos, num conformismo, derrotista, triste e resumidamente desconfortável.

Ademais, como os próprios resultados acabam por confirmar, por muito que a maioria da comunicação social desse como inevitável o ascenso da direita através de algumas das várias recomposições políticas que têm vindo a ser operadas, a verdade é que o PSOE surge como o partido mais votado, embora sem maioria absoluta, o que desde sempre se afigurou seriamente como um objectivo difícil de alcançar mas, o que marca nesta vitória é a profunda derrota do PP, há anos a governar a Espanha, e uma votação no partido neofascista do VOX obtendo uma fasquia que o afasta de qualquer possibilidade de ascender ao poder ou nele poder participar, o que resumidamente se traduz numa derrota clara da direita franquista fragmentada, com o partido os Cidadãos a assumir uma posição centrista, o que não pode deixar de ser considerado, na medida em que à esquerda o Podemos desce de forma significativa e os Republicanos da Catalunha não aumentam a sua influência.

Mas o quadro que sai destas eleições é claramente a expressiva vitória do PSOE, e a possibilidade de poder ter uma ampla maioria à esquerda para poder governar, numa espécie de “geringonça” com características à imagem de um País muito diferente do nosso. A disponibilidade do Podemos, logo após conhecidos os resultados, para participar em soluções governativas à esquerda é desde logo um bom sinal, o que significa, ou pode significar, que a Espanha acordou tranquila, afastada que foi a possibilidade de se enfrentar com uma coligação de direita com uma composição integrada por um partido neofascista, e a margem ampla de Filipe para organizar apoios e projectos para um governo à esquerda.

Não creio que face a eleições tão próximas para a UE qualquer passo nesse sentido possa ser dado. O resultado a obter por cada força política não deixará de pesar em análises futuras, imediatas que sejam. O que não significa que com os resultados obtidos nestas legislativas se possa afirmar que a Espanha, no plano político, virou à esquerda. Como, em que moldes, apoiado em que forças, resta saber.

Aliás as eleições para o PE creio que deverão ser marcadas como sempre por uma larga abstenção por várias razões: por terem sempre estado distantes da maioria da população portuguesa, é desta que falo, por um total desconhecimento do que realizam os deputados para lá eleitos e no que se repercute de benéfico nas nossas vidas, a não ser algum dinheiro que de lá vem para aplicar em financiamentos para projectos públicos ou privados, mas cuja dimensão e extensão fica sempre longe das expectativas criadas. Logo o que a participação eleitoral traduz é o interesse de uma classe urbana, interessada em apoios a projectos próprios, as autarquias em muitos casos deles dependentes para equilíbrios financeiros que lhes permitam realizar alguma obra, criando tudo isso um clima entre os que desejam a saída da UE, o que de todo não será impossível mas seguramente se afigura como irresponsável.

Na proximidade das eleições para eleger deputados ao PE seria de todo importante que cada um dos partidos concorrentes apresentassem com clareza os seus projectos, o que se propõem fazer para, mesmo para aqueles que seguem de longe este processo, saibam quando votam no que estão a votar.

Temo-nos vindo a dar conta que existe alguma convulsão interna no PCP quanto ao posicionamento face a uma nova formação da “geringonça“. É indisfarçável face às notícias que vamos tendo, não só da imprensa, mas as dadas também no convívio com amigos que não se posicionam propriamente como anti-PCP. A este assunto voltaremos proximamente.

Por último as comemorações dos 45 anos do 25 de Abril tiveram uma larga extensão em praticamente todo o País, numa justa atenção e valorização do que esta data significou não só pela instauração da liberdade e a libertação dos presos políticos, pelo que permitiu de Abril Portugal ao Mundo, mas também pelo reconhecimento merecido de que foram alvo, na valorização patrimonial onde foram torturados e humilhados pelos carcereiros do fascismo.

Carlos Figueira

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