VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

Para começar uma notícia boa que semanas atrás tinha colocado aos portugueses, a economia, os principais serviços públicos em estado de alerta, com longas filas a tentar abastecer os seus veículos, indispensáveis máquinas, para se moverem para os seus postos de trabalhos como, mais prementes, os aeroportos e serviços hospitalares. Interrompeu-se o conflito e agendou-se nova greve, ainda marcada por radicalismos, tornando visível o que a cada momento intranquilizava a população. A abertura de novo processo de negociação tornou possível reconhecer direitos por parte da entidade patronal, tendo como objectivo melhorar salários, tornar mais claras as jornadas de trabalho, dar a conhecê-los à opinião pública bem como as condições de trabalho que lhe foram finalmente reconhecidas. Necessário tornar claro que tal processo foi inseparável da luta, mesmo que a mesma tenha tido início numa radicalização que, diria, dificultou a decisão final.

Estamos a um mês de eleições. Tudo o que se disser até aqui dificilmente terá retorno. A partir daqui haverá todas as campanhas de rua, como é habitual, e no meio a intrometer-se haverá, ainda, a campanha das eleições da Madeira, um acontecimento excêntrico no panorâmico político nacional. Património político do PSD, até agora, tendo como pendor de procissão Alberto Jardim que, vendo o vento mal parado, resolveu voltar em ajuda, veremos se a tempo, mas de facto são as legislativas de 6 de Outubro que marcam as atenções gerais.

Nesse sentido importa tornar claro que o que interessa (para além dos fantasmas que assolam Jerónimo de Sousa) ao grande capital é impedir que seja prosseguida a política dos acordos que só foram possíveis pela existência da chamada “gerigonça“.

Nesse sentido quer o discurso de abertura de Jerónimo de Sousa na Festa do Avante quer o discurso maior, no qual volta à tese de depreciar o que foi até agora com este acordo e colocar mais uma vez o PS ao nível do PSD e do CDS é de uma cegueira política que dá para andar para trás e não para a frente como apela, ou seja, antes para recuar. Já aqui o tinha expresso que a parte mais sectária, e pelos vistos predominante, que o PCP integra, considera que os acordos com o PS só conduziram à derrota nas últimas autárquicas e europeias. Experimentem com tais posições o que vão conseguir nas próximas legislativas e se forem infelizmente os que penso, que tirem conclusões no congresso seguinte. Não faz sentido nestas JS apele ao ouvidos daqueles que saírem em discordância com a linha política do PCP que desta vez em silêncio votem CDU. Porquê ?

Nesta Festa do Avante comemoravam-se 45 anos. Um dos seus obreiros tinha morrido meses antes. Foi um do seus arquitectos no plano musical. A Festa não seria assim, sem a atracção de um espetáculo musical em que no fundamental pela sua cultura e conhecimento o foi ao longo de anos. Não só a construíu como lhe deu prestígio. É triste que não merecesse não só uma palavra de homenagem mas uma partitura, uma canção em sua homenagem. Tudo isto faz infelizmente lembrar os tristes julgamentos nos ex-países socialistas.

Carlos Figueira

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