A natureza segue o seu curso. Há quem se queixe, por aqui, que Agosto é curto e mal se dá por ele passar, enquanto outros se expressam em sentido inverso, fartos da invasão de gente e dos atropelos que tais situações provocam. É o verão. É o Algarve e mesmo que os orçamentos sejam curtos e alguns não tenham mais recursos que para uma semana, é a atracção do sol e da água quente que os faz vir, apesar de todos os sacrifícios que tal vinda possam implicar.
Mas a segunda quinzena aí está, anunciando abandonos, senão totais, mas significativos. Acabaram as filas para arranjar um lugar para poder comer, com algum descanso e desfrutar de um lugar numa esplanada sem suportar um ruído que te impede de ouvir o que se está falando.
Mas são todos estes inconvenientes que suportam em boa parte a economia regional e o emprego, doutra forma o Algarve seria um deserto em matéria de actividade económica e de emprego, tal como foi ao longo de décadas. Seria mais equilibrado se tivéssemos conservado a indústria pesqueira e a sua transformação. Hoje temos importantes investimentos na agricultura dependentes de recursos ameaçados pela seca que se vive, já aqui, muito recentemente abordei esta questão. A construção das barragens da Foupana e do Vascão, poderiam ser uma solução de ajuda às existentes no Sotavento Algarvio, perante as alterações climáticas que se vivem, e nesse sentido considerarem-se infraestruturas prioritárias a inscreverem-se em programa de futuro governo apoiados em fundos comunitários.
No plano político temos tido uma campanha prenha de debates nos quais as diferenças ficaram cada vez mais marcadas entre direita e centro esquerda e esquerda, a não ser a novidade introduzida por Rui Rio que a não ser Primeiro Ministro, o que só pode atingir se a direita tiver a maioria, o que não se vislumbra, não o seduz ser deputado. O que conduz ou pode conduzir, a acreditar nos resultados até agora publicados, num Congresso após eleições do PSD para eleger novos órgãos, é o que se me afigura o cenário mais plausível.
Sendo certo que sondagens são sondagens e que aquelas que prevalecem são as que o povo vota a 6 de Outubro próximo, pelos resultados até agora divulgados, não se afigura plausível uma maioria absoluta do PS nem me parece que AC esteja desejoso que tal viesse a acontecer. Na minha opinião pelas seguintes razões: porque no interior do PS ficaria mais preso a quem sempre defendeu uma solução diferente da “geringonça“, e portanto mais aprisionável não só dentro da direita do PS como fora do PS, como muito mais aprisionável à esquerda retirando-lhe a credibilidade de que nunca firmaria ou faria acordos com a direita ou que favorecessem a direita. É certo também que AC já afirmou que o povo não gosta de maiorias absolutas vamos acreditar nas suas palavras.
O BE já preparou um conjunto de propostas governativas a negociar pós eleições em áreas sociais entre outras. Era importante que por parte do PCP/CDU se seguisse exemplo semelhante, independentemente da plataforma que tais propostas viessem a ser assumidas em termos da sua negociação e execução.
Carlos Figueira