VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

As eleições da Região Autónoma da Madeira dominaram as atenções de uma parte da opinião pública atraída pelos média e é natural que assim fosse. Estava em causa acabar ou não, democraticamente, pelo voto popular, com um poder despótico, exercido de forma caudigística através de uma reiterada maioria absoluta que se eternizou ao longo de mais de quarenta anos. Apesar do caudilho ser chamado a dar uma ajuda final, os resultados cifraram-se numa derrota da maioria absoluta, até aí exercida pelo PSD num resultado que acaba por retratar singularmente uma clara bipolarização, tanto à esquerda como à direita.

De facto o PS triplicando a sua votação e atraindo boa parte dos votos da esquerda, na esperança de derrotar a direita, não atinge tal objectivo porque parte de uma base muito baixa, o BE perde os seus dois deputados e com tal resultado a representação parlamentar, e a CDU consegue eleger pela margem mínima um deputado, embora perdendo outro. À direita o CDS, embora cantando vitória, perde 4 dos sete deputados que tinha eleito, ficando reduzido a três a sua representação parlamentar, o que apesar de tudo lhe confere agora uma posição chave para obter uma coligação governamental com o PSD.

Só assim se percebe a euforia com que Assunção Cristas no domingo à noite se refere aos resultados obtidos, quando comenta a grande derrota obtida pela esquerda. O que lhe está no pensamento não são os deputados que perdeu, e perdeu quatro, mas os lugares no governo regional que com os três deputados acaba de poder obter, lhe permite a possibilidade de entrar pela primeira vez, beneficiando da estrondosa derrota do PSD, contrariamente ao que afirma em relação à esquerda, de entrar, participar, nas migalhas de poder que o PSD se dispuser para lhe oferecer.

O tempo passa depressa e na verdade creio que a Madeira entrou num novo ciclo político. Os que votaram pela mudança não se vão esquecer do sentido do seu voto e da sua vontade de mudança. Saiba o PS, como Partido mais votado à esquerda e em quem muitos, num voto útil, depositaram esperança de contribuírem para a mudança, nos próximos anos, conduzir na oposição comportamentos que mereçam esse voto.

Voltando ao Continente, com alguma surpresa, na pesquisa que com a ajuda de um grande amigo me permite afirmar que, no que respeita ao Algarve, não existe em nenhum programa de qualquer partido, para a região uma referência à criação da Regionalização Administrativa o que significa um recuo de décadas. Ou seja a criação da Região Administrativa está, para o citar, “metida num baú e fechada a sete chaves“.

Dei-me depois conta, por pesquisas também por mim feitas, que a Norte existem autarquias que contrariando o que pelos vistos constitui uma orientação política nacional aceite por todos os partidos de poder de reservar tal reforma após as próximas eleições para a presidência da República a bem do relacionamento entre governo e Presidente, substituindo a criação das Regiões Administrativas por um processo de descentralização que apesar de ser um passo não se conhecem na verdade nem conteúdos em concreto nem objectivos que promovam a aproximação das decisões de quem mais delas precisam. A economia de cada região, o combate à burocracia, mas sobretudo uma linha clara do que se pretende em matéria de infraestruturas e de linhas de desenvolvimento batendo-nos cá e na EU para que tal seja atingível e possa ser realizável. Estamos a falar de futuro. E para tal temos de ter dirigentes no Algarve com essa dimensão.

Carlos Figueira

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