VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

É certo que estamos ainda a ano e meio da realização das eleições autárquicas mas, poucos terão dúvidas, que este espaço de tempo marcará em muito a vida política. Desde logo porque contra todo o aligeiramento do comentário político em torno do Congresso do PSD, apontando para uma pacificação, não me parece que corresponda a qualquer realidade e as eleições autárquicas são o campo mais propício para a intriga e a guerra de bastidores, em relação à formação de listas e à disputa de cargos que lhe está associada. Veremos como a direita se comporta e se a extrema direita fica ou não de fora.

Por sua vez, a acalorada discussão em torno do OE deixou marcas visíveis em todos os partidos e o resultado a obter nas autárquicas não deixará de ter consequências, colocando de novo em ebulição todo o topo dos aparelhos partidários. Mas que vamos ter um ano e meio de grande agitação à partida está garantido.

O debate em torno da legalização da Eutanásia, ou da morte assistida, tende a assumir de imediato igualmente grandes proporções no debate político, já que, tudo o indica, haverá sobre a matéria vários projectos apresentados à esquerda: PS, Bloco, Verdes, PCP (embora este com sentido diferente, ou seja, contra a legalização).

A direita, apoiada na igreja, é contra e propõe em última instância um referendo, deixando nas mãos, numa manipulação facilmente instrumentalizada pelo divino, o direito a um cidadão dispor de uma morte digna evitando sofrimentos insuportáveis.

Não duvido que se trata de matéria complexa e que em muito tem a ver com a nossa cultura, mas exactamente, mas por isso mesmo, não pode ser reduzida ao simplismo de que a vida não nos pertence, mas a Deus, a essa figura divina, que lha devemos, lembrando então a frase bíblica do “não matarás “, frase que o documento do PCP ao referir-se a tão complexo problema, ousa escrever sobre quem defende a morte assistida, que estão defendendo “o direito de matar“. Está lá escrito no comunicado!

A igreja está no seu direito de estar contra a legalização da eutanásia, já me parece excessivo que à porta das paróquias milite em recolha de assinaturas a favor de um referendo.

No plano em que a situação se encontra creio que existe espaço para alargarmos um debate sobre tal matéria, esclarecedor, o mais participado que possa ser.

O que não me impede de saudar o apoio que a Renovação Comunista deu aos projectos apresentados que defendem a sua despenalização, que o processo seja enquadrado no SNS aberto a que todos os portugueses possam a ele ter acesso e não sejam só os ricos que, à socapa, dele beneficiem, como é hábito nas actuais circunstâncias.

A cena de racismo protagonizada por adeptos do Guimarães só teve as repercussões que teve porque o jogador do Porto Marega se recusou a jogar. Se assim não fosse mais uma vez não se cumpria a Lei e toda a gente, dirigentes e jornalistas assobiavam para o lado e o assunto morria ali.

Por último quero saudar a eleição de uma mulher para Secretária Geral de Central Sindical CGTP, pelo inédito do acto e pela justiça que representa. É certo que o tempo de exercício de mandato vai ser curto em virtude do impedimento da idade. Mas abre uma porta para o futuro e esse é o facto mais importante.

Carlos Figueira

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