Nestes últimos dias de coronavírus nem tudo foi mau para o Algarve. Fortes chuvadas temos tido durante a madrugada prolongando-se com alguns salpicos durante parte da manhã,
o que ajuda a minimizar a prolongada seca que estávamos aviver.
Tal como se esperava o estado de emergência foi alargado por mais de duas semanas com medidas mais restritivas à circulação dos cidadãos, tendo como preocupação a celebração do período do feriado da Páscoa. Já fora deste contexto a igreja anuncia a celebração do 13 de Maio mas sem peregrinos.
Por sua vez a situação de emergência apela à partilha de sacrifícios e à solidariedade, no entanto, nas últimas semanas, têm-se multiplicado atropelos à lei laboral, com chantagens sobre assalariados, levando-os a renunciarem ao exercício de direitos fundamentais. Despedimentos ilegais, vão-se sucedendo pelo país fora e, se a situação de pandemia causada pelo covid -19 convoca respostas excepcionais à economia e bem necessárias são, no mesmo sentido são necessárias para proteger os interesses, e a situação dos trabalhadores e das suas famílias. Nesta área, há que dizê-lo, a acção do Governo tem sido de uma ausência praticamente total, em contraste com declarações pronunciadas no sentido de atender sempre à protecção dos interesses de quem trabalha.
O alongamento das medidas, justificadas por razões de protecção de saúde pública, têm vindo a demonstrar a sua justificação, pelo ritmo da diminuição de mortos e infectados e a prestigiar perante a opinião pública do País, o que seria de nós todos, se não beneficiássemos, com todas as suas
insuficiências que ao longo da crise, é bom dizê-lo, algumas têm vindo a ser superadas, de um SNS.
Mas o largo isolamento a que temos estado sujeitos, sobretudo como é o meu caso, por razões de idade e de saúde, traz sintomas de cansaço que por vezes custam a vencer. O afastamento físico dos filhos e amigos, no prédio onde vivo desde há muito que deixei de ver os meus vizinhos, a solidão tomou conta das nossas vidas, toda esta situação, inegavelmente começa a pesar. De vez em quando atrevo-me a sair em viagem curta, para comprar jornais e entristece-me ver avenidas e ruas vazias, cafés e restaurante fechados, pequeno comércio no mesmo sentido.
As características em que, desde há muito, assenta a economia do Algarve, dependendo da actividade criada em torno do turismo e de tudo o que o envolve, acrescido com o encerramento da fronteira com o país vizinho, produziu um elevado rombo do qual levará seguramente algum tempo para que se processe alguma retoma.
O Ministro das Finanças desapareceu de cena. O País necessita de respostas. O que tem para dizer aos portugueses sobre as medidas acordadas ou não na UE, porque sem tais ajudas não me parece viável sairmos tão cedo da crise em que estamos.
A Banca, já se sabe, financia-se a custo zero e vende às empresas a 3,5 % numa complexa rede de burocracia de taxas a pagar. O dinheiro, até agora, às empresa sobretudo às micro e pequenas empresas leva tempo a chegar, com exigências que para a maioria serão incomportáveis, e se alguma vez chegar, provavelmente já não existem. É para este Pais que temos, que se exigem respostas.
Uma última palavra de solidariedade para com o director do JA englobando nele todo o corpo redactorial, tendo presente a nota publicada no último número, que traduz de forma clara as dificuldades que o Jornal atravessa para se manter, numa crise em que de um modo geral a imprensa vive, mas em particular a imprensa regional. Gostava que a expressão de solidariedade da minha parte, a interpretassem não só como uma palavra.
Aqui estou para o que for necessário e útil em defesa do JA.
Carlos Figueira
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