Vai Andando Que Estou Chegando

De súbito desapareceu da grande imprensa qualquer notícia sobre os dois grandes escândalos financeiros que marcam uma época no País. Um deles o do BES envolvendo seu principal responsável, Ricardo Salgado. Por tudo o que a justiça foi revelando e deixando publicar, trata-se do maior escândalo financeiro do século. Roubo, fuga a impostos, lavagem de dinheiro, património escondido, dinheiro transferido para paraísos fiscais e o que mais se verá. Claro que um dos seus advogados, com um passado sinistro ao serviço do antigo regime, figura que surge hoje com ar de senador, a tagarelar, num programa televisivo, amenizando a situação, afirmando que o homem não é propriamente um gangster, digo eu, à moda de Chicago dos anos 50, rodeado por um rol de prostitutas e guarda costas, mas os tempos mudaram, sem que os objectivos se alterassem. Quero com isto dizer que não há que ter ilusões. O “bom homem “ como o advogado insinua, foi mandado para casa, uma extensa corte de advogados trabalha dia e noite preparando a sua defesa, tirando partido de um aparelho de justiça lento que levará meses ou anos a colocar o moderno gangster na cadeia.

O outro escândalo próximo é o que envolve Mexia e a sua companhia na gestão da EDP, que se alargou recentemente a um ex-secretário da energia do governo de Passos, por suspeitas de ter facilitado soluções que permitiram à empresa EDP, dirigida por Mexia, economia de uma verba astronómica de alguns milhões de €. Também aqui o meu cepticismo se alarga. Porque no fundo desta bandalheira o único gestor de uma empresa pública que continua preso é Armando Vara, num processo que o envolve como gestor da Caixa Geral de Depósitos.

O mês de Julho está no fim, num balanço que deixa fortes apreensões quanto ao resultado do ano turístico no Algarve. Daí que o próximo mês seja encarado com algum cepticismo. Numa zona em que o turismo interno é muito significativo, é notório a falta de poder de compra substituindo a frequência ao restaurante por soluções caseiras. As decisões tomadas pelo governo inglês de retirar o País de uma rota segura quanto ao covid, alargada agora à própria Espanha, não ajudam e podem alimentar falsas esperanças para o mês de Setembro. Temos pela frente tempos de grandes dificuldades com os níveis de desemprego a cresceram para números inesperados.

A última sondagem dá-nos como novidade o crescimento do Chega aos 7%, ao mesmo nível do Bloco, que cai de 10% para 7%. É claro o objectivo do Chega: absorver o CDS e toda a extrema direita, na ambição de disputar o poder numa batalha que deve ser levada a sério por toda a esquerda no combate a tal objectivo. Foram recentemente divulgados os participantes num almoço de apoiantes. Não existem surpresas, são o que sempre foram, homens e mulheres de direita, fascistas, salazaristas, que até agora se tinham mantido calados, por medo de expressarem o que sempre foram.

Costa no discurso de encerramento do ano político na AR faz mais um apelo ao entendimento à esquerda na formação de uma nova “geringonça”. Trata-se de um importante desafio que não pode deixar de ser respondido por quem deve e tem responsabilidades perante a democracia e o povo português.

Carlos Figueira


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27.07.020

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