Vai Andando Que Estou Chegando

Na última edição alertava para o facto de ter desaparecido da grande imprensa qualquer noticia sobre os processos que envolviam os crimes financeiros do BES `a CGD numa justiça marcada pela lentidão. Pequenos passos tinham sido entretanto dados, abrangendo negócios escuros de Ricardo Salgado e mais recentemente de Mexia e seus comparsas, associados à EDP. Quer um quer outro foram mandados para casa em residências fixa e por lá ficarão, sabe-se lá, até quando.

Mas neste mundo fraudulento as surpresas também marcam os dias, dai que , após a crónica a que me refiro, a opinião publico foi tomada pela operação Polvo, trazida a publico pela noticia do jornal Publico, que dava conta da maior operação de compra de imobiliário e de terrenos, activos chamados tóxicos, do NB, vendidos e financiados pelo próprio Novo Banco, a preço de saldo, a uma sociedade americana que por sua vez a registou no Luxemburgo para pagar menos impostos, transferido tal sociedade de pronto para as ilhas Caimão para colocar a operação a coberto de qualquer curioso. Hoje pouco se sabe quem são os proprietários de cada fracção. A dezenas de perguntas de perguntas feitas sobre tal matéria o director do Banco respondeu com silencio. Só recentemente e o JP dá na edição de sábado, nota do facto, fornece uma pequena listagem que só serve para esconder as grandes negociatas que estarão em curso, mas só por esta pequena amostra fica-se a saber que a margem de lucro é sempre para o dobro do custo inicial pago ao Novo Banco.

A operação assume assim como um acto de uma gestão ruinosa mas, claramente, com contornos de um caso de polícia, cujas responsabilidades e conivências têm que ser de todo desvendadas. Nesse sentido fez bem o PM em mandar suspender para já todas as vendas dos chamados activos tóxicos em posse do NB que se preparava, no momento, para pedir mais um encaixe de alguns milhões ao Estado, ou seja, de dinheiro dos contribuintes. Estranho também é a demora do relatório da auditoria da responsabilidade da Deloite já com dois meses de atraso, sabendo todos nós que o polvo tem tentáculos longos.

A pensar nos portugueses sem emprego e sem meios de subsistência, com rendas de casa por pagar e filhos para criar de forma decente, fico com a vontade de enviar toda aquela administração de quarentena para casa, sem salário pago, durante todo o período de investigação que o caso merece.

O primeiro semestre dá segundo os dados publicados uma queda acentuada na economia. O panorama para o segundo semestre não se mostra mais animador, até porque quer o turismo quer o sector exportador, não dão sinais seguros de retoma. É com algum cepticismo que se enfrenta, no plano turístico, o mês de Agosto. Novo Orçamento Rectificativo pode vir a ser necessário, para estabilizar uma situação que permita, com alguma segurança, erguer o Orçamento para o próximo ano, já a contar com alguma das tranches das verbas comunitárias, aliviando a pressão que os próximos seis meses recairão sobre a actividade económica, social e politica no País.

Carlos Figueira

[email protected]
06.08.020

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