Vai Andando Que Estou Chegando

Neste fim de semana prolongado tive a agradável visita da minha filha mais nova, assim para mim lhe chamo. Ligam-nos laços que estão para além da afectividade que une pai e filha, facto que em muito se justifica por ter passado, ainda muito criança uns bons anos, vivendo conjuntamente com os pais as vicissitudes do que representava a vida clandestina, como membros activos do PCP, até ao 25 de Abril. Hoje não demonstra qualquer interesse pela vida política.

Mas a sua visita para além do prazer que sempre constitui a sua presença, prestou-me de forma solidária, impedido que estou de utilizar carro por infracção da lei, de me prestar inestimável apoio na realização de compras que me dão para os próximos quinze dias. Em retribuição ofereci-lhe dois almoços, um dos quais por mim cozinhados, porque voltei de novo à cozinha, actividade que sempre gostei de praticar e que as diversas circunstâncias da vida, algumas mesmo por motivos de saúde, me conduziram a afastar. Foram dois dias agradavelmente bem passados.

Boas notícias também são as que conduzem à aprovação do próximo OE, a não ser que algo de última hora possa contrariar tal perspectiva, dado em que não acredito já que ninguém terá a falta de senso para criar nesta altura uma crise política, aprovação que pelos vistos tal como cheguei a admitir em crónica anterior possa vir mesmo a contar com o apoio do PCP.

A manter-se este quadro o comentário semanal num tom habitualmente exibicionista de Marques Mendes sobre a manutenção deste governo até final da legislatura, comparando-o com os últimos dias do Governo de Cavaco no qual participava, têm como base o engano de António Costa não ser Cavaco e os tempos serem outros que não os dessa altura, nem os rumos que se pretendem dar ao País serem comparáveis.

Interessante sobre esta mesma matéria o facto de dias antes em editorial do Público Ana Sá Lopes se referia sobre o título “Os Governos são como as Rosas: murcham“ numa alusão à perda de vigor do governo de António Costa, na perspectiva que não chegará ao fim da legislatura.

A acreditar nas sondagens será necessário a direita pedalar bastante para que tal aconteça, mesmo que meta tudo no mesmo saco e propondo o quê do ponto de vista do desenvolvimento do país e do interesse dos trabalhadores quando ouvimos Rui Rio declarar a sua oposição ao aumento do salário mínimo e uma jovem deputada no mesmo sentido dar como receita num debate com um jovem deputado socialista que para os mais pobres a solução estava no recurso ao assistencialismo, ou seja voltar para trás anos de mão de obra barata e sem direitos é essa a solução para os nossos males.

Ninguém nega que o País, a Europa, vive numa das piores crises económicas, sociais das últimas décadas agravadas pela pandemia cujo final não se adivinha. Que a nossa dívida tem aumentado ninguém nega e por tal o governo prescindiu de fundos europeus que implicavam empréstimos a pagar mesmo com juros bonificados como contributo para a redução da dívida. Procuram-se soluções para que não sejam mais uma vez os bolsos dos contribuintes a pagar os desmandos praticados na gestão do Novo Banco. Que a gestão dos fundos de apoio provenientes da Europa sejam continuamente escrutinados para que os seus fins sejam devidamente aplicados. É nesta linha que nos temos que manter e não num pessimismo que nos conduza a meter tudo no mesmo saco da desgraça. Eu por mim estou farto!

Carlos Figueira

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