Vai Andando Que Estou Chegando

O acordo do PSD com o Chega após as eleições regionais dos Açores, acordo que permitiu de uma forma esconsa a chegada ao poder do PSD/Açores, dado que não foi respeitada a norma constitucional pelo Representante da República, norma que obrigaria este a chamar a Partido mais votado o PS para apresentar uma solução governativa que passaria ou não na Assembleia Regional, e só após trilhado este caminho, em caso negativo, seria chamado então o segundo Partido, neste caso o PSD/Açores, a apresentar uma solução governativa, garantida que estaria uma solução politica sólida para governar. Mas o representante da República, resolveu encurtar caminho e chamar desde logo o segundo partido para assumir tais funções o que só foi possível com a cumplicidade e apoio do Presidente da República por muito que agora Marcelo procure distanciar-se da solução encontrada, numa linha ao arrepio da Constituição.

Mas, como de todo se tornou evidente as repercussões de tal acordo com o Chega tornou-se peça fundamental para que o PSD/Açores dispusesse do numero de deputados suficiente para garantir a maioria dos votos na Assembleia Regional, tal acordo cujo conteúdo se mantem em total secretismo caiu com estrondo no Continente, cavando uma divisão interna no PSD, cujos efeitos inevitavelmente, a meu ver, se farão sentir nas próximas eleições incluindo as presidenciais. Não tanto para que possa estar em causa a segunda eleição de Marcelo, mas porque ao introduzir um Partido cuja ideologia e comportamento politico se exprime por ideias xenófobas, racistas, contrárias à nossa Constituição, podem provocar um movimento de voto útil do PSD para o candidato e principal figura do Chega a tais eleições.

Por outro lado não foram necessários muitos dias para que ficasse claro o que representa a figura principal do Chega quando em entrevista sobre as eleições presidenciais, afirma que na sua opinião está em desacordo com alguns dos propósitos programáticos do Partido que fundou e dirige nomeadamente acerca do casamento entre pessoas do mesmo sexo, ou quanto à distribuição dos apoios sociais, para dias depois afirmar exactamente o contrário. Ou seja, estamos na presença de um aldrabão, populista, que tudo fará para enganar quem o acolhe como parceiro e nesse sentido Rui Rio ao assumir e protagonizar acordos que não se resumem aos Açores e se alargam ao Continente, coloca num patamar estreito a presença e influência do PSD na nossa sociedade.

Os próximos tempos ajudarão a uma maior clarificação do momento político que atravessamos com toda a direita junta com a extrema-direita, fascistóide a cavalgar nas dificuldades que o País atravessa por efeitos da pandemia. Neste quadro creio que seria sensato em toda a esquerda reflectir sobre a necessidade de, mesmo numa primeira volta das eleições presidenciais, ter de ir junta para enfrentar o desafio de termos o Chega a figurar em segundo, abrindo portas para disputar eventualmente uma segunda volta com Marcelo.

O combate à evolução ameaçadora do Covid-19 marca a vida de todos, alterando comportamentos sociais, afectivos, provocando medos, ansiedades, ausência de perspectivas, e sinais de cansaço, em muitos de nós provocados, pelo alastrar do desemprego, e ausência de perspectivas, apesar das medidas que o governo tem vindo a tomar para minimizar tais efeitos, com repercussões alarmantes no Algarve dada a fragilidade em que assenta a sua economia. Podemos como é normal em democracia discordar das medidas que entretanto têm vindo a ser tomadas provocando protestos em particular nos sectores da restauração e diversão. Mas na batalha em que estamos envolvidos cabe a todos um esforço e um comportamento exigente para salvaguardar, minimizar, os estragos provocados pela pandemia ou seja, a saúde dos portugueses. A exigência de mais ajudas a tais sectores por parte do Governo, deve seguramente de ser ponderadas com o equilíbrio necessário entre finanças publicas evitando situações que conduzam ao laxismo de quem as exige.

Carlos Figueira
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