Vai Andando Que Estou Chegando

Saí de Menorca após o impacto político provocado pelos resultados eleitorais desta Comunidade Autónoma, a maior no plano territorial e sobretudo político.

De tais resultados resultou uma confortável maioria de Isabel Ayuso (ficou a quatro mandatos da maioria absoluta) candidata independente apoiada pelo PP, populista, que geriu a Comunidade, tirando partido da pandemia, contra as indicações de saúde pública, permitindo o funcionamento regular de cafés, restaurantes e esplanadas, sem que qualquer entidade pública a contivesse ou penalizasse. De tais resultados resultou uma derrota clara e abrangente do PSOE, até então a força mais votada, e por acréscimo igual derrota do Podemos, o que conduziu ao afastamento de Pablo Iglesias da sua direcção, para se dedicar ao ensino universitário e ao comentário político. Ainda sobre tais resultados há que sublinhar os obtidos pelo Partido ”Mais Madrid“ (Partido que só existe nesta Comunidade) e que resulta de uma dissidência com Podemos e sobretudo com a direcção de Pablo Iglesias, obtendo uma representação parlamentar igual à obtida pelo PSOE.

Torna-se assim claro que deste embate político a direita, até aí adormecida, salte a terreno reivindicando não só a vitória mas tirando dela a exigência de eleições gerais antecipadas. Assim estamos até aos próximas capítulos, sendo que não será indiferente para os próximos tempos o facto de Espanha se ter atrasado na apresentação do seu plano para responder à execução da “Bazuca“ Comunitária, na antecâmara da aprovação de um OE que o contemple, com uma Catalunha ainda sem governo. Assim temos uma Espanha entre o esplendor e as contradições de um País que teima a não se entender no seu todo.

Regresso em tempos marcados pelas eleições autárquicas. São visíveis os momentos pela inundação de grandes painéis publicitários de candidaturas e propósitos futuros na governação de cada autarquia. A direita pelo que até aqui tenho seguido, na medida em que de longe se faz perto, dado o acesso que disponho às novas tecnologias, direita, um tanto desorientada, com Rui Rio a afirmar considerações e o seu contrário no dia seguinte, quanto ao valor das candidaturas que vão saindo, num quadro marcado por questiúnculas internas a colocar em evidência que a sua liderança estará a prazo, marcada pelo resultado que obtiver nas eleições de Setembro ou Outubro próximo. Mas o mesmo acontece com o CDS cujo líder se especializou na reivindicação da demissão de Ministros e Secretários de Estado e o Chega na sua arrogância a prometer resultados que já se adivinha não vai obter.

Assim estamos com um quadro sanitário face à pandemia em cujos resultados nos podem referenciar, longe das águas aguarentas que todos os dias nos anunciam, em primeiro lugar, as desgraças de que todos estamos fartos. Cabe pela positiva sublinhar o êxito que constituiu a Cimeira Europeia realizada na cidade do Porto, com uma declaração assinada pelos 27 membros, centrada nas questões Sociais. Desvalorizar o seu contributo na exigência ingénua ou irresponsável, que deveríamos no quadro da EU, ter ido mais adiante, serve tão só para mistificar o que de partida sabíamos, ou seja, uma declaração marca uma posição. Compete a cada estado membro torná-la efectiva na governação de cada País, são essas as regras. Mas a Cimeira marca também um êxito político de António Costa elogiado pelos principais parceiros. Nem sempre assim acontece.

Por último uma observação sobre a tão falada Odemira. Aqui nestas páginas semanais chamei, há três anos, o que estava ocorrendo com trabalho escravo, associado a uma nova agricultura em tal território. Foi necessário a pandemia para abrir um buraco no que até aí todos sabiam da sua existência: governos, poder local, Partidos, órgãos de informação. Todos e cada um adormecidos para agora, hipocritamente, acordaram para a necessidade de medidas que sendo justas, ficam longe do necessário, ou seja, qual o futuro para esta agricultura em plena Reserva Natural da Costa Vicentina, como também de que forma integrar os imigrantes que nos são necessários.

Carlos Figueira
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