Vai Andando Que Estou Chegando

Vivem-se tempos de grandes dificuldades num ambiente de pessimismo e de intriga política que chega a ser doentio na sua radicalização. São raras as notícias que valorizam o que de bem acontece e mesmo quando não se podem furtar a tal, descobrem sempre algo de criticável para no fundo desvalorizar o que de alguma forma de bem acontece no País. A oposição tem pouco mais para oferecer para alem de uma reivindicação que politicamente se percebe mal, assente na remodelação do governo, passando ao lado de quem o pode fazer é o actual Primeiro Ministro, ou transformando um acidente de viação num caso político de dimensões nacionais. Ao lado temos uma orquestrada campanha para reescrever a história do País durante os mais de quarenta anos de feroz ditadura a ponto de forma cínica, ignóbil, ousarem eleger o ditador Salazar como grande estadista.

O avanço dos números da pandemia também favorece o clima instalado porque sempre servem de pretexto para a sua politização, quer quando exigem mais medidas, ficando todos nós sem saber quais, porque o que importa é valorizar o que não está a ocorrer bem. O futebol exige gente nos estádios sem que se saiba que medidas propõem para que tal, à luz da defesa da saúde pública, tal medida possa ser adoptada. Percebe-se a dificuldade que muitos dos clubes atravessam, a viver com gravíssimos défices nas suas contas com os Bancos, antes generosos, hoje a fecharem portas. Serve de exemplo para além do futebol, o que se está finalmente passando com o excêntrico milionário José Berardo, cuja múltipla fortuna foi adquirida na mais singular quando complexa rede de favorecimentos bancários e de outras cumplicidades que a bem de todos cumpre investigar, desmascarar e condenar.

Mas o ambiente político está igualmente marcado pela aproximação das eleições autárquicas e a discussão e aprovação, (ou não) do Orçamento de Estado sendo que, contraditoriamente, ninguém se dispõe a abrir uma crise política que conduzisse a eleições antecipadas para a AR.
Não deixa porem de ser curioso que o editorialista do Público (26.06) descubra no facto de 40 municípios entre mais de trezentos não terem mudado de cor politica atribuindo, no alto do seu cadeirão instalado na Área Metropolitana de Lisboa, que tal só era possível por um poder exercido por amiguismos, favorecendo a corrupção na ausência de debate político. É de notar, antes de mais, que as eleições são livres e por tal correspondem à vontade dos eleitores com votos depositados em urna.

Mas, o Poder Local, caracteriza-se por ter Assembleias nas quais tudo está em debate as quais abrem um lugar para o público nelas presente, questionar quem governa o município e o mesmo se pode assinalar nas Juntas de Freguesia. Aqui chegados cabe perguntar ao editorialista onde se situa a sua sentença de ausência de debate político.

Há tempos atrás o comentarista residente na SIC Notícias, Marques Mendes, fonte constante de intriga política e maledicência, descrevia como inevitável o percurso politico de António Costa por passar por um lugar Europeu, mesmo antes de completar a legislatura presente. Facto até agora não provado pelo actual PM. É claro que fazia algum jeito a Marque Mendes uma crise política que lhe permitisse de novo ocupar um lugar em futuro governo de centro direita. Mas a demasiada e exposta ansiedade também perturba o raciocínio.

No DN de (05.07) Paulo Baldaia (com lugar cativo na SIC/Notícias), em ajuda a Rui Rio, esforça-se num texto no qual a arrogância e o sectarismo que o define, dá nota de quem deve ser substituído no governo ( saúde, educação, administração interna, negócios estrangeiros, tantos quanto me recordo) dando como certa que tal ocorrência poderá acontecer após as eleições autárquicas. A vida política é feita de muitas incertezas. Fico por saber donde virá tal sapiência de um comentarista referenciado como apoiante do PSD.

A marcação pelo Governo das eleições autárquicas para 26 de Setembro foi recebida com críticas de toda a direita do PSD ao Chega. Compreende-se a dificuldade de Rui Rio que já deu como perdido o Porto, a braços com conflitos permanentes em torno de formação de listas, antecipando um fracasso eleitoral de dimensões alarmantes. Sinais que tal possa eventualmente acontecer, justificam as declarações do responsável do PSD por este processo, a dar como grande vitória conquistar a maioria em Lisboa. Daí também perceber-se o intenso e conjugado esforço para diminuir, arruinar a gestão de Fernando Medina, pelos vistos sem grande sucesso pois a ter em conta as sondagens estas dão conta de um fosso que aproxima FM da maioria absoluta perante um adversário tido como estrela maior que afinal se tem revelado de uma infantilidade política. O esperado de um burocrata.

Carlos Figueira
[email protected]

Deixe um comentário

Exclusivos

Liberdade e democracia na voz dos mais jovens

No 6.º ano, o 25 de abril de 1974 é um dos conteúdos programáticos...

Algarve comemora em grande os 50 anos do 25 de Abril -consulte aqui a programação-

Para assinalar esta data, os concelhos algarvios prepararam uma programação muito diversificada, destacando-se exposições,...

Veículos TVDE proibidos de circular na baixa de Albufeira

Paolo Funassi, coordenador da concelhia do partido ADN - Alternativa Democrática Nacional, de Albufeira,...

Professor Horta Correia é referência internacional em Urbanismo e História de Arte

Pedro Pires, técnico superior na Câmara Municipal de Castro Marim e membro do Centro...

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.