Vai Andando Que Estou Chegando

O mês de Agosto é, por razões culturais, económicas e mesmo políticas, um espaço reservado para usufruir, mesmo ficando em casa, destinado a recuperar energias. Não será por mero acaso que algumas das figuras mais importantes deste governo, a começar por António Costa, entraram de férias. O País também necessita de algum descanso.

Neste tempo não abundam notícias, o espaço vazio é propício para a especulação e a intriga política. O “Observador“ acolhe na sua “suite“ todo o comentário raivoso quanto impotente da direita e extrema direita, na crítica a cada medida do governo justa ou imaginária. Ao seu lado com espaço garantido instala-se na SIC/Notícias o comentador Marques Mendes (MM) que no seu comentário de domingo, extravasando toda a decência, acusou de cobardia o Primeiro-Ministro por este não lhe oferecer de bandeja a remodelação do governo, mas antes (Expresso de fim de semana) ter afirmado total confiança na sua equipa governamental. A este papagaio junta-se o comentário de Júdice numa postura presunçosa, apresentada como “senador“, figura que não existe na Constituição, mas que serve de biombo para esconder o facto que fugiu do País no 25 de Abril, pesando sobre ele a acusação de bufo, informador da PIDE/DGS, sobre o posicionamento e movimentos dos mais destacados dirigentes estudantis.

Entretanto, observe-se que MM, cuja credibilidade está de facto a cada comentário afectada, há meses atras, desenhava o futuro de António Costa para ocupar um cargo europeu à semelhança do que se passou com Durão Barroso quando da sua saída do país entregando a Santana Lopes o cargo de Primeiro-Ministro, felizmente de curta duração. A história não se repete e o desespero do senhor traduz o enorme sectarismo em que toda a direita se afunilou, perdendo a influência do centro político, disperso agora numa séria de variantes entre liberais e a extrema-direita, racista, xenófoba.

Mas os tempos não nos dão descanso. Estão de volta os incêndios, quer por razões atmosféricas, por falta de limpeza da floresta ou por mão de gente criminosa aumentando justamente a preocupação das populações mais próximas, casos de Castro Marim de Alcoutim e mesmo de Tavira e o acesso a VRSA esteja, segundo as últimas notícias, com dificuldades de acesso. Os meios para conter esta praga parecem estar a responder, mas as notícias em curso só acrescentam preocupações. Sabe-se que existem montantes significativos incluídos PRR destinados à reorganização da floresta. É mais um desafio que nos está colocado.

Neste interregno permitam-me que em relação à esquerda está colocado um desafio, para quem ler com atenção o texto de Santos Silva, Ministro de Estado (Público 15.08 ) em vésperas do Congresso no qual afirma o PS e o Governo, num quadro político de centro esquerda, revelando o que serão as principais prioridades para a parte final desta legislatura. Creio que a confirmarem-se tais propostas, na execução Orçamental, está colocado grande desafio ao comportamento a seguir para toda a esquerda nas negociações que espero possam decidir a votação final deste importante instrumento para o próximo ano.

Antevendo dificuldades nas negociações que espero venham a ocorrer, por parte do PCP e do Bloco, refiro com alguma tristeza, o conteúdo do discurso de Jerónimo na festa em Silves, no último fim de semana na qual, mais uma vez, metendo tudo no mesmo saco confunde adversários políticos com eventuais aliados, numa onda sectária que só afasta o Partido da confiança que a população neste Partido possa ser depositada.

No fim de semana chegou a notícia da morte do Tó Zé, assim o tratávamos. Com imensa dor perdi um grande amigo. Com ele partilhei almoços no “Mestre Abílio“ e mais recentemente no “Muchama“ na praia de Monte Gordo. Era tão impulsivo nas suas opiniões quanto generoso. Aprendi com ele observar o mar nas suas diversas cores e anunciados perigos. Era um homem do povo, encarnando o que de melhor esse povo donde provinha oferece VRSA. Foram momentos de grande tristeza. Daqui envio a todos os seus familiares as mais sentidas condolências.

Carlos Figueira
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