Vai Andando Que Estou Chegando

A Ómicron, a nova estirpe do vírus da Covid e a sua mais rápida propagação, segundo os dados que nos são fornecidos, sobretudo nas televisões, conduziu a novas medidas de protecção que sendo na generalidade sensatas, ocupam hoje a preocupação maior dos cidadãos, cansados que estão, pelos efeitos sociais, económicos, provocados pela longa pandemia.

A abertura dos telejornais favorece um ambiente de intranquilidade pela incerteza que nos provoca o aumento do número de infectados, apesar de vacinados. Até quando, é a interrogação que nos assalta a todos. Refazem-se programas para a quadra natalícia, limitando ao mínimo a presença de familiares para a noite de vinte e quatro e dia seguinte. Anulam-se jantares de empresas. Anunciam-se desistências para curtos períodos de viagens e diversão de finais de ano. O medo instala-se ocupando um espaço privilegiado em cada reunião familiar ou de simples encontros com amigos próximos.

O processo de vacinação de crianças dor 7 anos aos 11 está inquinado com comentários de médicos ou cientistas, se assim se lhe pode chamar, contraditórios sobre a sua eficácia e oportunidade, o que por sua vez conduz a comportamentos dos pais, também em si mesmo compreensivo, arrastando o processo para um mar de indecisões.

É neste quando complexo que nos movemos no qual se ignora que continuamos num País com os mais altos números de pessoas vacinadas e um SNS que com todas as insuficiências que lhes podem ser apontadas se demonstrou eficaz contra esta praga que nos atingiu a todos, que pelo facto de sermos membros da EU, podemos dispor de um certificado de vacinação que nos permite viajar com mais facilidade entre países. A higienização ganhou espaço, seguramente que lavamos e desinfectamos mais vezes as mãos do que ontem, a máscara mesmo que incómoda, faz parte do nosso dia-a-dia. Representam ganhos civilizacionais que não se podem perder, apesar da ignorância que ainda existe sobre esta importante matéria que veio alterar as nossas vidas, não direi para sempre, porque o futuro no presente, não se antevê com facilidade.

Voltando à política, como era previsível e já aqui o tinha anotado, Rui Rio apesar de eleito como figura maior na direcção do PSD, não vai ter vida fácil num partido, como as recentes eleições demonstraram, profundamente dividido. E não foi necessário muito tempo para que tal realidade fosse demonstrada na formação das listas de deputados nos vários círculos eleitorais. Rio optou por uma purga expurgando quem se lhe opôs, demonstrando o carácter autoritário que lhe era conhecido. No Algarve o processo de exclusão conduziu a uma profunda, para não dizer radical, alteração da lista proposta pela direcção regional do Partido, aprovada nos respectivos órgãos, por uma outra inspirada nas decisões da direcção central. A discussão continua em aberto, admitindo alguns dos membros da actual direcção regional, uma situação que, a permanecer, poder vir a custar a perda de um dos eleitos para a futura Assembleia da Republica. Expectante fico das decisões do Conselho Nacional a realizar no próximo fim-de-semana.

De resto a vida política continua presa de uma informação largamente defensora de uma solução política assente em compromissos, participação em futuro governo a que chamam de “Bloco Central” ou seja, entre PS e PSD. De fora ficariam outras opções, silenciando os ganhos do actual governo na resposta à pandemia, no acerto dos apoios sociais, no crescimento do emprego e da própria economia. De fora fica a possibilidade de um futuro governo do PS poder governar sozinho, através de acordos pontuais.

O comportamento da esquerda, Bloco e PCP, na obstinação que continuam a manter na culpabilização do PS pela queda do governo, procurando com tal postura evitar perdas eleitorais, desvalorizando assim, uma situação política propicia a entendimentos de governação à esquerda, garantindo a estabilidade do País, colocando-se do lado da maioria que aspira por tal tranquilidade, ao dar como certa a solução de “Bloco Central”, como o expressou no comentário semanal numa das televisões Francisco Louçã, pode vir a custar a toda a esquerda, elevadas perdas eleitorais.

Finalmente o Congresso da Associação de Municípios coloca como urgente a concretização da Regionalização do País, facto que teve nas declarações finais o compromisso de Marcelo e de António Costa para a realização de um referendo em 2024. Finalmente uma data!

Carlos Figueira

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