Vai Andando Que Estou Chegando

Após mais de dois anos a contas com a pandemia o que nos conduziu a muitos de nós a alterar rotinas, a perder a capacidade de nos movimentarmos, a sacrificar parte da liberdade, para melhor enfrentarmos os seus efeitos, eis que os tambores da guerra nos acordam para um conflito militar que envolve a Europa e em particular a Rússia e a Ucrânia, de consequências imprevisíveis, o maior, após a segunda guerra mundial.


A guerra invadiu as nossas vidas provocando emoções mal contidas, estimuladas por uma informação parcial, tendenciosa ou mesmo falsa, vinda de ambos os lados do conflito, sem o necessário contraditório, a provocar posições e movimentos sem que esteja presente a necessária racionalidade que o momento exige de cada um de nós.


Para não deixar dúvidas, manifesto claramente a minha oposição contra à invasão da Ucrânia pela Rússia, independentemente das causas profundas que eventualmente possam “justificar” tão vasta operação militar que pelos vistos não se limitou a proteger as forças independentistas das três repúblicas, predominantemente ocupadas por cidadãos russos, que desde há muito reivindicavam tal estatuto.


Da mesma forma critico a posição assumida pelo PCP ao não deixar clara a sua posição de condenação da ocupação, agravada com o facto de não se ter feito representar nas manifestações em apoio à Paz cavando assim um isolamento que tem como consequências a sua perda de credibilidade política.


Estamos ainda longe do final deste nefasto acontecimento, como a de nos aproximarmos das suas consequências futuras no plano político e económico para os Países e Povos envolvidos. Não são boas as notícias sobre o comportamento da UE que pela primeira vez desde a sua existência marca uma posição no conflito com o envio de armas para a Ucrânia, numa posição que a torna subsidiária da Nato, conduzida pelos EUA, abandonando uma situação neutral, ou pelo não tão fortemente alinhada com os falcões da guerra.


Serão custos que em breve tornarão mais difícil a vida dos povos europeus ao provocarem a elevação do custo de bens essenciais, quando em tal contexto, poderia desempenhar um importante papel no apoio e estímulo à negociação entre as partes do conflito.


Desde há muito que me afasto de ideias tendentes a ver o Mundo de uma forma parcial, divido entre bons e maus. Prefiro antes uma visão plural que nos afaste de radicalismos de direita ou de esquerda, porque acredito que só assim caminharemos para um universo em que as diferenças sociais no mundo em que vivemos possam diminuir.


Exactamente por que assim me coloco não vislumbro outra solução para o conflito em presença que não seja regressar à negociação séria e comprometida, tendo como suporte para todas as partes, a travagem da guerra e a corrida aos armamentos. Se tal propósito se revelar impossível de obter, teremos como consequência a destruição, a morte e o sacrifício dos respectivos povos, num ambiente irrespirável de tensão permanente.


Escrevo no dia em foi tornado público o reinício de negociações entre as partes beligerantes. Oxalá predomine o bom senso.

Carlos Figueira
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