VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

Vai Andando Que Estou Chegando

Voltei a participar, quatro anos depois, nas festas da minha terra. As Festas do Povo ou simplesmente as Festas de Campo Maior, cuja origem por inteiro se desconhece. Já foram chamadas Festas dos Contrabandistas, dada a relação que a vila raiana tem com esta actividade, mas também foram conhecidas como Festa dos Artistas porque só acontecem pela capacidade criativa que ao longo das sucessivas edições, durante prolongados mêses, é demonstrada pelas suas gentes, em particular pelas mulheres, na criação da ornamentação das ruas com flores e outras expressões decorativas, sempre a partir da utilização do papel. Num ciclo que em regra é de quatro anos, são concretizados, ou não, pela vontade das suas gentes representada por uma personagem que podemos identificar como o mandatário que vai expressar, nas reuniões com outros, a vontade dos habitantes de cada uma das ruas, quanto à realização, das Festas, o que também contribuiu para que os ciclos em dado momento, antes do 25 de Abril, fossem mais longos. Lembro-me quando jovem de 20 anos abandonei a vila, por razões que já se prendiam com actividade política contra o anterior regime, acontecer num ano de festas que interrompia um longo ciclo de mais de oito anos de ausência.

Este ano à semelhança de outros Campo Maior foi invadido por centenas de milhares de visitantes a ponto de em algumas das artérias ser difícil circular para observar, mais atentamente, a criatividade das suas gentes resultando injusto estar a individualizar a qualidade, a imaginação, a beleza, o apuro, a delicadeza posta ao serviço de cada rua pelas mãos de milhares de habitantes ao longo de vários mêses em sucessivos serões. Creio que haverá a intenção da autarquia candidatar as Festas a Património da Unesco oxalá, se assim for, que tenha êxito, porque bem o merecem as Festas e as suas gentes.

Com as Festas de Agosto e entradas de Setembro, cumpre-se por todo o País um ciclo marcado pelos finais do verão, acentuando-se rapidamente o declínio dos seus dias, dando lugar a tempos mais curtos, com outra luminosidade, anunciando a entrada de Outono.

Cumprindo um ciclo marcado pelos deveres constitucionais, com Setembro à vista, é de todo previsível que se acentuem iniciativas que marcam a fase mais aguda das campanhas políticas de cada partido para as eleições legislativas de 4 de Outubro.

É visível o afã por parte do governo em concluir obra que dê nas vistas ou retomar obra pública interrompida ao longo deste quatro anos em nome da austeridade imposta pelas ordens da Troika, respeitosamente assumidas por quem, até ao presente, ao longo deste ciclo exerceu o poder, tempo em que severamente fustigou a necessidade das mesmas. É claro que vamos assistir a discursos e promessas assumidos numa postura de salvadores da Pátria.

Da parte do maior partido da oposição, o PS, António Costa, parece finalmente ter-se libertado de uma carga técnica e de algum constrangimento face ao anterior governo, para de uma forma mais clara afirmar ao que vem e nesse sentido ter vindo a centrar o seu discurso na defesa do estado social ou seja da segurança social e da sua sustentabilidade, do serviço nacional de saúde e da escola pública perante as ameaças de privatização da actual maioria governamental.

À esquerda não me parece haver grandes alterações à postura que tem marcado nestes últimos longos tempos a linha política do PCP ou da CDU, quanto a entendimentos, em particular com o PS, já que embora anunciando a sua disponibilidade para que tal possa acontecer, faz depender a sua real efectivação da assunção por parte do PS do programa do PCP. O Bloco segue até agora na mesma linha e o Tempo de Avançar, apesar do esforço que tem no terreno, com meios muito reduzidos, não lhe prevejo grandes voos.

Num quadro político, quanto a resultados até agora publicados, a demonstrar que dificilmente haverá maiorias absolutas, temos pela frente um cenário, a não que se alterem as posições assumidas até agora por parte destes intervenientes à esquerda, favorável à mobilização do voto útil, ou seja à bipolarização política.

Carlos Figueira

 

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