VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

Vai Andando Que Estou Chegando

Sai do País para cumprir obrigações de trabalho numa altura em que o centro direita anunciava leituras criativas da Constituição para tentar manter-se no poder, eles que tanto tinham criticado António Costa de usurpar ilegitimamente o poder, enquanto o Presidente da República passeava pela Madeira como se o País se encontrasse em toda a sua normalidade de funcionamento.

Curiosamente tais obrigações de trabalho levaram-me a inaugurar uma exposição da Associação Internacional de Cidades e Entidades do Iluminismo, patente na Universidade de S. Carlos, a maior e mais influente do País e a participar numa Conferência sobre a importância dos Centros Históricos como imagem de marca das cidades.

Tudo isto aconteceu na Guatemala, capital do País, pelo facto deste ano ter sido distinguida como capital ibero-americana da cultura e no quadro de um vasto programa, ter dedicado um dia para sublinhar a importância do património e do valor dos centros históricos. O seu centro histórico corresponde a uma edificação de meados do século XVIII, marcada pelas novas ideias sobre a criação das cidades, influenciada naturalmente por tudo o que na Europa se criava de novo nesta matéria.

Trata-se de um País fundamentalmente agrícola (cana de açucar, milho, café, cacau e produtos em fresco, frutas e hortícolas) com reservas importantes de jade e prata e que embora vivendo na esperança de encontrar petróleo, tem na remessa dos emigrantes uma importante fonte de equilíbrio das suas contas. Como de resto acontece em muitos outros Países de Centro América, a vida é marcada por profundas diferenças sociais nas quais a expressão da miséria faz parte da imagem do quotidiano.

Recentemente a vida social foi marcada por fortíssimas manifestações de tal forma participadas que paralisaram o trânsito em toda a cidade exprimindo o protesto contra a forma ostensiva como o País estava a ser gerido por uma rede de corrupção que atingia os maiores responsáveis. Tais manifestações conduziram à demissão do Presidente da República e da sua vice-presidente, actualmente presos, em processo de investigação de todos os seus actos.

O desprestígio da vida política e dos políticos conduziu a que nas novas eleições fosse eleito um comediante que fez do populismo a sua arma de arremesso, qualidades que estão longe de lhe serem reconhecidas para dirigir uma nação. Seguiremos com atenção o que se vai passar a partir da sua investidura em Janeiro.

De regresso ao País fui confrontado por uma situação um tanto surrealista com Cavaco após as dezenas de gente que foi chamada a depor argumentos sobre a crise e a forma de a solucionar que sobretudo encaixassem nas soluções que Cavaco pretendia para que a direita se mantivesse a governar, depois deste solilóquio, anunciar ao País novas exigências para a indigitação de António Costa a formar governo e apresentar o seu programa no Parlamento, conforme obriga a Constituição. Tudo isto um mês depois das eleições de 4 de Outubro.

Com a demonstração de tal desinteresse pelo País e a de quanto deprecia o quadro constitucional é caso para nos interrogarmos se para além das diferenças políticas existentes entre presidente e oposição, se para além de todos os esforços em curso para desprestigiar qualquer solução governativa que não corresponda àquela a que continua obstinadamente amarrado, ou seja a permanência da direita no poder, se estamos em presença de pessoa na posse de todas as faculdades mentais exigidas para quem no exercício do cargo que ainda ocupa tenha condições para o exercer como Presidente de todos os portugueses.

 

Carlos Figueira

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