Varoufakis recusa aceitar uma cura que seja pior do que a doença. Bruxelas diz que a Grécia tem de implementar mais austeridade, mas Atenas não quer este medicamento. É precisamente a austeridade o único ponto que impede que ambas as partes cheguem a acordo.
“O nosso governo não pode – nem vai – aceitar uma cura que provou nos últimos cinco anos ser pior que a doença”, escreve Yanis Varoufakis.
Num artigo de opinião publicado esta segunda-feira no portal do Project Syndicate, Yanis Varoufakis quis pôr tudo em pratos limpos e assegurou que “a realidade das negociações é muito diferente” daquela que chega aos ouvidos do público. Acusa ainda os órgãos de comunicação de mancharem o nome da Grécia, ao criarem o mito de que Atenas é incapaz ou tem má vontade de implementar reformas económicas.
O detentor da pasta das Finanças garante que o governo está disposto aceitar as condições dos credores, mas recusa aceitar mais austeridade. “Então se o nosso governo está disposto a aceitar as reformas que os parceiros esperam, porque é que as negociações ainda não resultaram num acordo? O problema é simples: os credores gregos insistem em maior austeridade para este e para os próximos anos”, escreve.
Esta abordagem, segundo Varoufakis, impede a recuperação e crescimento do país, o agravamento do ciclo da dívida, deflação e, em última instância, “corrói a vontade e capacidade de ver através da agenda de reformas de que o país precisa tão desesperadamente “.
O ministro helénico aponta mais uma vez o dedo a Bruxelas e diz que não se está a trabalhar para o bem maior da Grécia. “Claramente, a exigência dos credores por mais austeridade em nada tem que ver com as preocupações por reformas genuínas ou por levar a Grécia para um caminho fiscal sustentável”. Para Varoufakis, este é um mistério que fica por resolver e “é uma questão que é melhor ser deixada para futuros historiadores”.
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