Vigílias e orações contra casamento gay em França

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Sentam-se no chão, acendem velas, cantam, rezam e recitam textos. Na noite passada, foram expulsos pela polícia da Praça dos Inválidos, em Paris, mas a moda das “vigílias pela família” pegou.

A manifestação de ontem, em Paris, contra o “casamento para todos” e a adoção de crianças por casais homossexuais acabou por decorrer de forma mais calma do que se previa. Apenas 21 pessoas foram detidas. As impressionantes medidas de segurança e os apelos à calma funcionaram.

O “desfile regional” na capital francesa reuniu entre 45 mil e 270 mil pessoas, consoante a contabilizaçao seja feita pela polícia ou pela organização.

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Como tem acontecido regularmente desde meados de abril, no fim da manifestação, duas mil pessoas sentaram-se na esplanada do Inválidos para mais uma “vigília pela família”. Com velas acesas e entoando cânticos, rezando, declamando textos filosóficos e, dizendo inspirar-se na revolta pacifica de Mahatma Ghandi, opuseram-se à polícia quando esta os pretendeu expulsar do local, a partir das 21h locais (menos uma hora em Lisboa).

Alguns, mais excitados, provocaram confrontos com os agentes e foram detidos. À meia-noite, os últimos manifestantes eram encaminhados à força para uma boca do metropolitano. Terminava desse modo, em Paris, mais uma vigília, uma moda que alastrou a outras cidades.

“Apelamos à elevação dos espíritos contra a força, à meditação, à resistência não violenta contra a cultura da morte, queremos semear a esperança e defender a família”, disse um jovem ao Expresso.

Manifestações vão continuar

Os participantes no “movimento das vigílias”, que nasceu de forma improvisada no fim de uma manifestação, a 16 de abril, em frente à Assembleia Nacional (AN), não aceitam ser qualificados como integristas religiosos. Não querem, acima de tudo, que as suas acções sejam confundidas com as organizadas por associações católicas, como a Civitas, que no passado dia quatro realizou uma oração coletiva, também em defesa da família tradicional, com padres vestidos a rigor e cruzes de Cristo junto ao Senado, em Paris.

Ontem, no desfile, na capital francesa, os manifestantes contra o casamento gay voltaram sobretudo a criticar a adoção de crianças por casais homossexuais. “Uma família é um pai e uma mãe”, lia-se em muitos cartazes. No fim, Frigide Barjot, a líder do movimento “manifs para todos”, anunciou uma nova manifestação “regional” para o dia cinco de maio e um outra “nacional” para o dia 26, ambas em Paris.

A votação final da proposta de lei do Governo está marcada para amanhã, terça-feira, na AN, junto da qual, até à hora do voto, estão previstas novas concentrações de protesto e mais “vigílias pela família”. A oposição de direita anuncia que vai recorrer para o Tribunal Constitucional depois da previsível aprovação da lei.

“Stop à homofobia”

Ontem, também se manifestaram, na Praça da Bastilha, apoiantes do casamento gay, mas a polícia tomou medidas especiais para evitar que participantes nas duas manifs se cruzassem na capital.

“Stop à homofobia” e denúncia das agressões contra homossexuais, que aumentaram sensivelmente em toda a França nos últimos tempos, foram os lemas da concentração organizada por associações de gays. Esta última manifestação reuniu 3.500 pessoas, segundo a polícia, e 15 mil, segundo a organização

Daniel Ribeiro (Rede Expresso)
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