Trabalhos valorizam o património do núcleo pombalino da cidade e, paralelamente, têm servido quase como tábua de salvação para pequenas empresas de construção que, desta forma, têm conseguido contornar a crise que se abateu há alguns anos no setor. É que só agora é que a construção de novos imóveis começou a ganhar um novo fôlego um pouco por toda a região
DOMINGOS VIEGAS
Reconstruir uma casa no núcleo histórico pombalino de Vila Real de Santo António implica, muitas vezes, transformar autênticas ruínas em imóveis novos, mas respeitando as rígidas regras que implicam que o resultado final seja o mais semelhante possível ao original. Por isso, este trabalho tem que ser feito por quem conhece as técnicas, profissionais com largos anos de experiência e cujo saber tem sido cada vez mais procurado nos últimos anos.
José Dionísio nasceu no concelho de Castro Marim, há 69 anos, e vive em Vila Real de Santo António. Mas ninguém o conhece por este nome, à exceção da própria família. Porém, se alguém perguntar pelo mestre José da Flora todos sabem quem é. Este empresário da construção civil, que depois da crise no setor passou a dedicar-se quase exclusivamente a trabalhos mais pequenos e reabilitações, tem uma equipa conhecedora desta arte de reconstruir imóveis antigos e está entre os dois ou três empresários da zona com provas dadas neste tipo de obras.
Um dos seus últimos trabalhos é a reabilitação de uma antiga casa térrea, paredes meias com a Praça Marquês de Pombal, na Rua Jornal do Algarve, e que irá permitir que uma ruína dê lugar a um novo estabelecimento do ramo da restauração.
“Esta obra é muito especial, porque mantivemos as paredes de pedras originais. Não é fácil encontrar pessoas que saibam fazer estes trabalhos. O pessoal mais novo, que trabalha na construção, não sabe fazer estas coisas. Isto precisa de muita ciência e de muita técnica. Tem que ser feito por pessoas que sabem utilizar as técnicas antigas, porque é quase tudo feito à moda antiga”, explica José da Flora.
António José Fernandes, um dos pedreiros que trabalha com o mestre José da Flora, é um desses profissionais com quase meio século de experiência nesta arte de reconstruir “à moda antiga” e explica como é que se transforma uma casa, praticamente sem telhado, com paredes abauladas e rachadas, num novo edifício: “Aqui, por exemplo, foi preciso endireitar as paredes mantendo as pedras originais, tivemos que aprumar as ombreiras e aperfeiçoar para fazer faces. Neste tipo de reconstrução é necessário manter a pedra. Na zona histórica tem que ser assim”…
…(Veja a reportagem completa na edição impressa e semanal do Jornal do Algarve que está nas bancas desde quinta-feira)
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