Violência no namoro é uma realidade que merece preocupação

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O aumento de casos de violência no namoro levou a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) a lançar um projeto que visa sensibilizar os jovens da região. A associação aconselha as vítimas a denunciarem os crimes e a procurarem apoio gratuito e confidencial nos gabinetes de Albufeira, Faro, Loulé, Portimão e Tavira

“A Maria (nome fictício) tinha 15 anos e apaixonou-se por um colega de turma que tinha comportamentos violentos para com ela. Chegava mesmo a provocar-lhe ciúmes envolvendo-se com outras raparigas. Um dia, Maria tomou a decisão de terminar a relação, mas continuou a sofrer muito, pois, para além dos abusos físicos, sentia uma enorme chantagem psicológica, que se refletia nas notas escolares.”

Este é apenas um dos exemplos dados pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) que indicia uma relação amorosa violenta.

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A associação, em conjunto com a PSP, vai colaborar com a junta de freguesia de Portimão no projeto “Violência no Namoro”, que consiste na realização de várias palestras, durante os meses de fevereiro e março, dirigidas aos alunos do 9º ano dos agrupamentos de escolas da freguesia.

“Por um lado, estas palestras visam alertar e sensibilizar os jovens para as diversas formas de violência, chamando à atenção dos mesmos para comportamentos mais subtis, de ordem psicológica, muitas vezes desvalorizados no namoro por serem socialmente aceites e que, posteriormente, se traduzem em abusos físicos e/ou sexuais, com consequências graves para as vítimas”, adiantam os promotores da iniciativa.

Ainda de acordo com os mesmos, “esta iniciativa pretende, por outro lado, promover uma relação de proximidade com os agentes da PSP e da APAV, garantindo confiança às vítimas que procuram conselhos úteis e indicando procedimentos a adotar por parte destas para ultrapassar o problema”.

Segundo a APAV, a ajuda externa numa situação de violência no namoro é fundamental.

Maioria dos alunos considera legítimos comportamentos abusivos

A associação de apoio à vítima alerta que a violência no namoro pode assumir várias formas, “o abuso psicológico, o abuso físico e o abuso sexual, sendo a mais comum a violência emocional”, que pode incluir insultos, humilhações, ameaças, tentativas de controlo e manipulação.

“É um ato de violência, pontual ou contínua, cometida por um dos parceiros (ou por ambos) numa relação de namoro, com o objetivo de controlar, dominar e ter mais poder do que a outra pessoa envolvida na relação”, explicam os responsáveis.

Recentemente, um inquérito da UMAR (União Mulheres Alternativa e Resposta) concluiu que a maioria dos alunos considera legítimos comportamentos abusivos com as namoradas ou namorados.

Mais de metade dos rapazes e das raparigas acham que é normal proibir a namorada/o de vestir certas roupas e de sair com determinados amigos/as. Entre os rapazes, 5% considera mesmo que agredir a namorada ao ponto de deixar marcas não é ser violento.

“Quando numa relação amorosa uma das partes quer exercer o controlo sobre o outro para obter o que deseja”, isso já é violência, sublinha a APAV, lembrando que este é um fenómeno que “não conhece fronteiras, não escolhe estratos sociais, faixas etárias, religiões ou etnias”, e pode surgir “em todos os casais”.

Vítimas e testemunhas devem denunciar violência

Segundo a associação, qualquer pessoa que tenha sido vítima de crime ou que tenha testemunhado a sua ocorrência pode denunciá-lo. “Se foste vítima ou testemunhaste algum crime, é muito importante que o denuncies às autoridades. Se o fizeres, a probabilidade de a pessoa que o cometeu ser punida e impedida de fazer o mesmo a outras pessoas é maior”, salienta a APAV, que presta informação, proteção e apoio emocional, psicológico, jurídico e social a todas as vítimas de crimes, aos seus familiares e amigos. O apoio é gratuito e confidencial.

Para além do número de telefone que funciona nos dias úteis em horário laboral (707200077), a instituição possui ainda gabinetes de apoio à vítima em Albufeira, Faro, Loulé, Portimão e Tavira.

Estes gabinetes têm ao dispor técnicos de apoio à vítima, devidamente formados e preparados, que podem aconselhar, apoiar e responder às dúvidas e preocupações das vítimas.

NC/JA

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