VRSA: A NOVA PAIXÃO DE MAYA

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J.A. – Maya ou Eunice Cristina?

M. – Prefiro que me tratem por Maya. É esse o nome pelo qual sou conhecida publicamente.
Chamo-me Eunice Cristina Maya Morais de Carvalho, Maya é um dos meus apelidos. Quando comecei a minha carreira de taróloga, faz agora 20 anos, foi como cronista do jornal Público e era preciso assinar a coluna. Eu comecei a pensar, Eunice não, pois já era professora Eunice. Queria criar uma personalidade diferente nesta área e, dos meus nomes, aquele que tinha a ver com esoterismo era Maya, porque Maya é uma deusa grega do destino e era também um oráculo egípcio. Achei que isso tinha tudo a ver com tarot e escolhi o Maya.

J.A. – Como é que a Eunice Cristina, professora do primeiro ciclo, vira Maya, a taróloga?

M. – Eu já deitava cartas quando estava a tirar o curso do magistério, só que o fazia de uma forma amadora. Era um hobby. Acabei o curso do magistério primário em 1980, casei-me pela primeira vez nesse ano e o meu marido gostava que eu lhe tirasse cartas. Fazia aquilo na brincadeira, não levava nada a sério, era mais um divertimento. E num dos rallies que ele ia fazer (era piloto) eu olhei para as cartas e disse-lhe, “olha, anda de vagar que vai haver um acidente”. De facto, no dia a seguir ele teve um acidente grande e eu aí parei . Nunca mais deitei cartas, só cartas normais. Separei-me entretanto e só mais tarde em 1983 é que uma amiga minha me oferece um baralho de tarot que encontrou na feira da ladra. Fiquei fascinada por aquelas cartas e comecei de novo a deitar cartas e a estudar tarot. Em Portugal não havia tarot ainda, sou eu que o introduzo cá e crio um método meu. Criei aquilo que está registado em todo o mundo como “Método Maya”- que junta tarot com cartomancia. Portanto, juntei as duas coisas. É uma patente intelectual. Ninguém o pode utilizar a não ser eu ou mediante a minha autorização.

J.A. – Deita cartas a si mesma?

M. – Não, não. Ninguém lança a si próprio. É completamente vedado porque nós não conseguimos filtrar o nosso inconsciente.  Tal como quando estamos a dormir não sonhamos o que queremos, os sonhos surgem soltos. Nas cartas, enquanto baralhássemos também em causa própria surgiria aquilo que o nosso inconsciente desejasse e não aquilo que de facto seria racional.

J.A. – Abrir um jogo é uma arte. Ao indicar às pessoas quais as suas possibilidades e caminhos não sente a pressão de lhes estar a alterar a realidade, o rumo da vida?

M. – Sim. Estou a influenciá-las.

J.A. – E não existe o perigo de se criar uma dependência às pessoas que a procuram?

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M. – Não, porque eu não permito. A tendência de algumas pessoas mais frágeis é a de consultarem frequentemente o oráculo mas só se for mal feito. Porque quando deitamos cartas temos a capacidade de estabelecer prazos e períodos de influência. As cartas é que nos dizem os ciclos, a nossa vida é feita por ciclos.

J.A. – Foi a televisão, mais do que uma coluna no jornal Público, que lhe deu a conhecer as luzes da ribalta. Era esse o seu objectivo? Como foi gerir o mediatismo e toda a exposição que este implica?

M. – Lidei normalmente. Não me limitou nada a vida, pelo contrário. De facto, há pessoas que lidam mal, nomeadamente os artistas que têm de assumir personalidades e que às vezes até são pessoas tímidas. No meu caso não. Eu dou-me lindamente com a exposição pública, até sou uma pessoa conhecida por gostar de dar nas vistas. Assumo isso perfeitamente. Crio, inclusivamente, notícias em meu torno. Não me incomodo nada. Por exemplo, ser capa da FHM – sendo que fui a mulher com mais idade no mundo a fazer a capa desta revista – tinha 49 anos quando fiz essas fotografias. Sabia exactamente os riscos que corria ao fazê-lo e quis fazê-lo em Agosto, numa altura em que toda a gente sabia que eu ia andar em biquíni na praia. Portanto, estas coisas eu faço de propósito, porque quero criar essa polémica.

J.A. – O facto de ser figura pública limita a sua vida pessoal?

M. – A exposição pública só me incomoda quando há notícias menos verdadeiras e quando os jornalistas não têm o cuidado de ter a certeza daquilo que estam a publicar. Mas hoje em dia o que vende é muitas vezes a polémica sem fundamentação e não há muito a fazer sobre isso. Tenho de lidar com isso. Mas não me incomoda por mim, incomoda-me pela minha mãe, pelo meu filho, por mim não, mas também não estou sozinha no mundo.

J.A. – Acha que a sazonalidade no Algarve é um impeditivo para criar uma boa movida? E o que tem de ser feito para contrariar essa tendência?

M. – Eu tenho dúvidas da sazonalidade do Algarve. É mais fácil trabalhar no Verão, naturalmente. Pois se tem seis ou sete vezes mais pessoas do que as que tem no Inverno é muito fácil, com um bom cartaz, atrair as pessoas aos espaços. Acredito que o sotavento possa ter projetos anuais, não tenho dúvida nenhuma. E estou disposta até a apostar num projeto anual na zona.

J.A. – Como é que isso se faz?

M. – Faz-se criando um espaço que seja polivalente. Um espaço que não viva só da noite e criando um espaço não muito grande, com qualidade e com uma boa oferta artística.

J.A. – Foi esse o caso do Manta Beach Club.

M. – Sim, o Manta é um desses casos de sucesso fácil. Não quer dizer que não me dê muito trabalho. Mas é fácil no sentido em que as pessoas aderiram muito rapidamente.
O Manta bipolarizou o Algarve. Passou a ser Sasha e Manta, depois naturalmente Albufeira e Vilamoura. Mas não havia nada na zona, quer a nível de cartaz quer de localização, pois encontra-se muito bem situado no coração do sotavento, posicionado entre o concelho de Tavira, Vila Real de Sto. António e Castro Marim, está numa confluência. E esta zona carecia de um projecto noturno forte porque a malta nova não queria vir para aqui.
Falei já com vários construtores, ligados à imobiliária nesta zona, que me dizem que o projecto Manta veio dinamizar muitíssimo as vendas imobiliárias. Aliás, o concelho de Vila Real Santo António foi o que cresceu mais em termos de vendas imobiliárias e de ocupação de camas na hotelaria e exatamente porque as pessoas passaram a querer vir. Os filhos também, porque já tinham o Manta e este verão tiveram também o Lollipop.

J.A. – Mas houve também muitas vozes críticas.

M. – Poucas. Mas costuma-se dar mais valor a quem critíca do que aos que fazem. No Manta houve quem criticasse o volume do som, no primeiro ano, em 2008, uma ou duas pessoas, sendo que todos os comerciantes queriam, apoiavam e, curiosamente, no início de 2009, começaram a telefonar para Lisboa a saber se ia haver Manta porque as pessoas queriam saber se alugavam casa ou não. Portanto, pensar-se em tirar este espaço da Manta Rota é um quebra-cabeças para os empresários e para os comerciantes da zona porque houve um grande desenvolvimento. Uma ou duas pessoas não concordou, pois claro, é muito natural. E embora nunca tenhamos ultrapassado os limites legais, este ano tivemos o cuidado de posicionar a tenda de outra forma, para que o impacto do som fosse menor e não houve qualquer dano.

J.A. – Vai continuar a crescer no Algarve? Quais os próximos projetos?

M. – Acho que não é muito difícil criar bons projetos no Algarve e acho que é isso que irá acontecer com VRSA. Eu acredito que, quem sabe em 2010 ou início de 2011, terei a gestão de um espaço de entretenimento noturno de grande qualidade nesta região.

J.A. – Recentemente afirmou que Vila Real de Sto. António ia ser o novo “cartão de visita” de Portugal. Acredita mesmo?

M. – Acredito sinceramente nisso. Não sei se já viram os projetos que o Dr. Luís Gomes tem não só para a zona ribeirinha de VRSA como também para a requalificação de Monte Gordo? São projetos grandiosos, de grande qualidade como não há em parte nenhuma de Portugal.

J.A. – E esses projetos passam por quê?

M. – Por um pouco de tudo. Hotéis de qualidade, restaurantes de primeira linha, vários projetos sociais e depois toda a requalificação de Monte Gordo com calçadões, bares de praia, com uma boa discoteca também. A transformação que VRSA e Monte Gordo vão levar nos próximos quatro anos vai chamar a atenção e fazer com que esta cidade seja a primeira escolha dos portugueses no Algarve e será um grande motivo de orgulho para os algarvios, nomeadamente os do sotavento.

J.A. – Vila Real de Sto. António foi uma paixão? Para além das ostras e do bom clima o que há para oferecer?

M. – Há muito por ser feito. O que é muito aliciante para quem gosta de trabalhar. E como tal, podem criar-se coisas de raíz, não é preciso vir remendar. Ao longo da minha carreira enquanto relações públicas tive inúmeros convites para trabalhar noutras áreas do Algarve e não aceitei. O único que aceitei de alma e coração foi o Manta. Ainda só o tinha visto em projeto, depois vim ver o sítio e quando cheguei nem hesitei, disse “aceito”. Nem se quer discuti questões económicas. Sinto-me muito bem aqui.

J.A. – Não tem mesmo dúvidas?

M. – Não tenho não. Acredito mesmo nos projectos que vi e que quero ajudar a implementar. E verá que vai ser um gosto viver aqui. Acredito que os projetos não têm que ser sazonais e que se esta zona tiver um desenvolvimento consistente e forem criados bons projetos de entretenimento, com certeza que vão trabalhar o ano todo. As pessoas não podem é querer enriquecer em dois anos, três ou quatro. Têm de ter estruturados projetos de que gostem, independentemente daquilo que ganham com eles.

J.A. – Com tantos projectos na calha no Sul do país, pensa em mudar-se para cá?

M. – Quando puder. Tenciono ter aqui uma segunda casa, neste projeto que vai surgir aqui na zona ribeirinha, mas para já é prematuro mudar-me. Tenho um filho com 17 anos que tem de fazer um curso ainda, que tem de estar completamente autónomo para eu poder gerir ou dispor do meu futuro. Para já, o meu futuro é o meu filho, e essa é a minha prioridade. Logo que ele tenha o curso tirado e a sua carreira iniciada eu poderei gerir melhor a minha vida. Para já é ele que manda em mim.

Raquel Ponte/JA

Para ler na íntegra no nº2780 | 8 de Julho de 2010 – Edição Impressa

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