Zeinal Bava no Parlamento. Certezas, convicções e alguma fraqueza de memória

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Zeinal Bava e Henrique Granadeiro

Não sabe, em alguns casos não se lembra, mas uma coisa o antigo presidente executivo da Oi e da Portugal Telecom (PT), Zeinal Bava, garante: durante o período em que esteve na gestão da empresa, nunca foi alvo de nenhum reparo sobre a área financeira da operadora portuguesa.

Ouvido esta quinta-feira no Parlamento pela comissão parlamentar de inquérito ao colapso do BES – a sessão começou por volta das 16h00 -, Bava diz que “não sabia, nem tinha de saber” das aplicações da PT na Rioforte. “Eu não sabia, nem tinha de saber das aplicações [de 897 milhões de euros da PT na Rioforte], porque isso representaria um conflito de interesse, uma vez que estava a haver um processo de fusão complexo”, precisou Zeinal Bava, falando pela primeira vez no assunto. “Em sã consciência, não sabia das aplicações na Rioforte.”

Questionado sobre o investimento da PT de 500 milhões de euros em dívida da Espírito Santo International (ESI), o gestor disse não se recordar. “Não vou dizer que foi fulano, sicrano ou beltrano”, afirmou, “não tenho memória desse tema específico”.

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Com um elogio à equipa da PT, que considerou “muito qualificada e experiente”, Bava adiantou que a PT “em nenhum momento” faria investimentos no BES sem que os seus próprios interesses estivessem acautelados. “Os melhores interesses da PT eram salvaguardados”, fosse em investimentos no BES ou na Caixa Geral de Depósitos (CGD), disse perante a comissão parlamentar.

Zeinal Bava, que não fez qualquer declaração inicial, insistiu que nunca foi alvo de críticas, devido à gestão da área financeira da PT, nem pelos auditores internos, nem externos, nem pelos supervisores. O gestor sublinhou ainda que saiu da empresa em meados de 2013, isto é, muitos meses antes do polémico investimento feito pela PT em papel comercial do universo GES. “Acredito que nunca fizemos qualquer coisa para prejudicar a PT. Não se encontra em nenhum relatório da PT qualquer ênfase sobre a matéria”, garantiu.

Questionado sobre os montantes em causa nestas aplicações financeiras feitas pela PT, Zeinal Bava justificou-os com a dimensão da empresa. “As aplicações são grandes porque a PT – tal como a EDP e a Galp – são empresas grandes, com porte”, considerou.

Apesar das perguntas nesse sentido, Bava escusou-se a esclarecer se alguma vez recebeu diretamente um pedido do BES ou de Ricardo Salgado para que a PT investisse em dívida do GES.

O gestor disse no Parlamento que a sua saída da operadora brasileira não se deveu exclusivamente ao investimento da PT no GES. “A minha saída da Oi não se deve apenas a só um facto. É evidente que o episódio Rioforte levantou crispação. Mas defendo que os gestores devem fazer parte da solução e não do problema”, afirmou.

A audição ficou marcada pela clara insatisfação dos deputados perante os escassos comentários do gestor quando questionado sobre o investimento da PT nas ‘holdings’ do GES.

Na última ronda de perguntas, a deputada do CDS-PP, Cecília Meireles, prescindiu mesmo de colocar mais questões ao ex-presidente da PT.

“O senhor engenheiro Zeinal Bava tem-se furtado a responder às questões mais relevantes. Julgo que não é dignificante para ninguém e muito menos para o Parlamento”, sublinhou a deputada.

RE

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