Vêm aí as eleições EUROPEIAS:

Que diferenças entre um jogo de cintura e a coluna vertebral

Mendes Bota foi, entre os Eurodeputados algarvios, aquele que mais tempo esteve como Eurodeputado, ainda que antes e depois, tivessem por lá andado João Cravinho (já sei que me vão dizer que nasceu em Malange, Angola. Então umas vezes interessa ter nascido em Malange e outras em Alte. Para mim, será sempre algarvio). Filipe Madeira, Joaquim Vairinhos, ambos do concelho de Loulé, Joaquim Piscarreta, de Lagoa e que entrou por que faltou alguém, Jamila Madeira, também de Loulé, creio ter sido até agora a única mulher algarvia que passou pelo Parlamento Europeu como Deputada, e José Apolinário, que creio ser natural de Olhão.

Desculpem, como costume dizer, a memória também tem as suas neblinas, pelo que não me ocorre mais nomes de algarvios que tivessem estado no Parlamento Europeu. E o João Soares? Alto, a senhora sua mãe Dr. Maria Barroso, é que nasceu na Fuzeta e o pai, o Dr. Mário Soares, tinha uma casa em Alvor.

Chegámos à Europa, a 1 de Janeiro de 1986. Já agora, como se diz na minha terra, a respeito de chegarmos à Europa, em certa altura, era Manuel José, treinador do Portimonense e após mais uma importante vitória rumo aos objectivos, um jornalista, na circunstância, Carlos Arsénio (Record), perguntou-lhe: – Mister, então estamos quase na Europa e o Manuel José, com o seu sotaque e estilo vilarrealense respondeu: – Não me diga que isto aqui (Portimão) é Marrocos…

Entretanto, ao longo da campanha tem coisas que não têm corrido bem a Marta Temido, e a mais flagrante, é quando está junto a Pedro Nuno Santos e este a ser entrevistado para as televisões, porque apenas se vê o cabelo louro da candidata. Não custava nada dizer às televisões, que quando pusessem no ar a reportagem ou mesmo os directos, que tirassem os rodapés, assim a candidata do PS, seria vista, isto é, mais vista. Também gostei muito daquela entrevista, que deu à SIC, assim a modos de «apanhados» quando Marta Temido disse que quando era Ministra da Saúde, ia na rua e as pessoas diziam: – Olha! vai ali a Covid…

Esta campanha tem dado para tudo, para demonstrar a arte que sempre tivemos pela melhor utilização do nosso corpo, ou seja, temos assistido a alguns jogos de cintura e a manutenção ou não da coluna vertebral… E aqui destaca-se a senhora do BE. Não está em causa a sua argumentação, creio que passou pelo teatro, diga-se, também o seu mais profundo conhecimento de muitos dos dossiers, sobretudo aqueles que interessam ao BE. Contudo, uma coisa é a inteligência, aqui nada artificial, outra é a cegueira, com os jogos de cintura, não apenas sobre a Ucrânia, mas de igual modo em relação à Palestina. Faz lembrar o ataque ao alojamento local, quando ela também tem, mesmo que agora diga, que está em nome de um familiar, lá para os lados de Malcata… Aqui, BE, quando não são as cenas da «AVÓ», são outras virtudes, que a falta de experiência memorial, de alguns jornalistas não lhes permite questionar, este constante e estranho «Déjà vu».

Sozinho em casa
O Livre, cumpriu rigorosamente o nome do Partido, em relação ao seu candidato, isto é, Francisco Paupério, que anda tão sozinho, que melhor seria chamar-se Francisco Paupérrimo. Faz lembra a história daquele filme, tão antigo como o anúncio do “Ambrósio, apetecia-me tomar algo”. A resposta é fácil: “Tomei a liberdade de pensar nisso, senhora”. Ou então “Sozinho em Casa”, que todos os anos pela altura do Natal… cujo desfecho é sempre o mesmo, a família acaba junta, os ladrões fartam-se de apanhar e ainda por cima são presos…Creio que o Rui Tavares se esqueceu dele no autocarro, depois de uma visita ao Mosteiro dos Jerónimos…

Emoções, que esta campanha também tem levado ao rubro, sobretudo nas questões de apesar de saber tudo, Ventura não sabia que ao meio da tarde, havia tanto sol no Alentejo, que até «assa canas ao sol» e então ficou a falar sozinho. Também gostei muito, quando ele saltou, dizendo, salta, salta e ninguém saltou… ou quando as pessoas mais idosas pensam que ele é que é o candidato.

O PAN agora quer fazer um referendo sobre as touradas e já escolheu a sede onde vai apresentar esse manifesto. Será na Praça de Touros de Almeirim… Não conhecemos o programa, mas temos a certeza de que vão sair em ombros, muito antes do «inteligente», que em tauromaquia é o director da corrida, dar ordens para tocar o clarim…

Gostei do regresso do “D. Sebastião”. Depois de Luís de Camões, teria que aparecer, que pagou do seu bolso a primeira edição dos Lusíadas.

«Nota do editor Sempre de fatinho e aprumado, os seus maiores inimigos são os seus colegas de profissão. Sempre foi assim…

Comigo aconteceu a mesma coisa e em casa tenho que caixote de recortes, até de uma senhora, a quem um dia me confessei numa das Ruas de Bruxelas, mas que até hoje ainda não cumpriu a promessa. «Tem avonde de tanto ciúme…»

Gosto do João Oliveira (PCP). É inteligente. Não tem línguas de gato na boca enquanto fala. Tem ironia e charme gracioso, e é o Alentejano mais rápido a falar… Boa sorte João…

Mário Soares assinando o tratado de adesão. (Foto da Edição Especial do boletim mensal do Bureau de imprensa de informação das comunidades europeias. N. 30. Ano VI. Dez 85/Jan 86)

«Quando em Julho de 1976, se ultrapassaram as propostas anti-europeias, quer as provindas do regime ditatorial quer as desencadeadas durante o período revolucionário iniciado em 1974»
“Comunidade Europeia” publica, neste início de 1986, um número especial dedicado à adesão de Portugal à “Europa dos Doze”.

No Ano Um da experiência europeia, impõe-se um olhar sobre o percurso agora concluído e algumas perspectivas do que adiante se nos depara.

Enquadrar o significado da adesão, identificar as razões profundas da opção europeia, explicitar as fases do processo e medir os ritmos e as velocidades que nos conduziram até aqui, são exigências do momento. Mas é também necessário antecipar desafios, riscos potencialidades e clarificar os posicionamentos face ao novo ciclo, para que a integração seja assumida como escolha profunda que é. É para estes objectivos que pretendemos contribuir através desta edição especial para a qual contamos com a colaboração de personalidades ligadas, de forma indissociável, ao processo de integração europeia.

Elementos, para uma melhor compreensão da integração de Portugal e para um debate mais profundo sobre o projecto europeu: eis o que vos proponho neste início de 1986, assinalando os primeiros passos da “Europa dos Doze”
J. Vale de Almeida»

Capa da Edição Especial do boletim
mensal do Bureau de imprensa
de informação das comunidades
europeias. N. 30. Ano VI. Dez 85/Jan 86

Foi assim, aliás, com esta escrita incisiva, pelo que ainda existia e ainda hoje sobrevive que ficou escancarada a Revista PORTUGAL NA EUROPA DOS DOZE (Edição Especial do Boletim Mensal do Bureau de Imprensa e Informação da Comissão das Comunidades Europeias em Lisboa – N.º 30, – ano VI – Dez 85/JAN 86, e que se calhar, para os candidatos que andam agora pelas ruas em busca do voto, se apercebessem, que aqui até teriam encontrado inspiração para o Debate, para o iluminar da luz da discussão, em vez do prolongar de um certo palavreado, que leva ao descrédito, porque não se pode andar a adiar o País, com confrontos, onde repetimos o dito por não dito, porque quase todas e todos, estiveram nos últimos vinte anos, pelo menos, nas decisões do País, e às vezes dizem coisas, que até nos tratam, como inseguros, incapazes e estúpidos…

Depois soltam-se vozes esquecidas, armazenadas em mármores já retiradas da memória, onde se lê: «Um grande Povo junta-se à Comunidade. Um grande país e um grande Povo decidiram juntar-se à nossa Comunidade e participar na conclusão da sua construção, pois se a dimensão económica, o mercado comum, é o centro dos nossos tratados, de que a Comissão é a guardiã, o projecto europeu ultrapassa naturalmente o seu desígnio inicial para se adaptar às necessidades e às esperanças da era moderna» Jacques Delors, Presidente da Comissão das Comunidades Europeias.

Ou então «Verdadeiro projecto nacional. Portugal apostou através de um verdadeiro projecto nacional supra-partidário, na integração europeia como meio de romper a degradante e injusta desvalorização económica, cultural e social que tem caracterizado o nosso passado próximo» António Cardoso e Cunha, Membro da Comissão da Comunidade Europeia.

Ou então ainda «Os pressupostos do pedido de adesão. Só com a tomada de posse do I Governo Constitucional, em Julho de 1976, se ultrapassaram as propostas anti-europeias, quer as provindas do regime ditatorial quer as desencadeadas durante o período revolucionário iniciado em 1974» José Medeiros Ferreira, Ministro dos Negócios Estrangeiros do I Governo Constitucional.

E finalmente, esta espécie salto no escuro: «Negociações:

Vencemos o desafio. Interrogo-me muitas vezes acerca das condições que seria necessário reunir para ser possível concluir as negociações de adesão. Não eram certamente os aspectos técnicos, por mais delicados que fossem, que iriam impedir o consenso necessário. Era sobretudo um complexo conjunto de circunstâncias de ordem política, de raiz financeira e, quiçá, a oportunidade/disponibilidade física e intelectual de quem teria de decidir». António Marta, Presidente da Comissão de Integração Europeia (1981-1985). […]”

Pena que os actuais candidatos (elas e eles), ao Parlamento Europeu, façam de cada debate, o estranho dessossego, dos chamados desconhecidos da Europa. Portanto, dia 9 de Junho, VOTAR SIM, MAS DEVAGAR, PARA QUE NÃO NOS ENGANEMOS, OUTRA VEZ, UNS AOS OUTROS… Ou então, como diria o Manuel José: – Europa? Não me diga que isto é Marrocos…

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