Estou de volta às crónicas agora um pouco mais espaçadas no tempo. Não vos trago boas notícias. O Mundo em que vivemos é sombrio, diria mesmo de chumbo. Estamos em presença de uma tentativa de nos imporem um pensamento único. Para tal objectivo contam com uma imprensa servil, na qual povoam comentaristas, ex embaixadores, professores de universidades de que não se conhecem a obra feita a não ser alguns livrecos que se destinam a vender a alunos, promotores de programas e mesmo de quem com isenção era suposto coordenar os debates. De tudo resulta que são escassos os momentos que possamos assistir a uma troca de ideias em que a controvérsia, uma opinião diferente da corrente, esteja presente.
Está assim criado um quadro no qual predomina a incultura e o preconceito. Da Rússia e dos russos vêm todos os males, mesmo quando se conhecem, à esquerda, as críticas e distanciamentos, dirigidas a Putin. É tempo de resistir a esta ofensiva contrariando cobardias instaladas e cúmplices.
A Cimeira da Suíça que alguns davam como acontecimento transcendente que nos conduziria à paz na Ucrânia, apesar de um dos beligerantes não estar presente, assegurando antecipadamente a unanimidade dos presentes para com as conclusões finais, redundou num profundo fracasso. De fora ficaram a Índia, o Brasil, a África do Sul,o México, a Colombia, a Arábia Saudita, os Emiratos Árabes Unidos, de entre outros. A acção de propaganda levada a cabo por Zelenski e acolhida entusiasticamente pelo agora chamado mundo ocidental não resultou. Recomendações para o futuro ficaram advertências de quem não estava disponível para discutir a solução do conflito com a ausência da Rússia.
As eleições europeias particularmente em França traduziram-se numa profunda derrota do snob Macron com o correspondente crescimento da extrema direita. Num golpe que alguns de pronto classificaram como de génio, lançou-se para a dissolução do Parlamento e a marcação de eleições num curto prazo. Para surpresa de muitos, nos quais me incluo, toda a esquerda após demoradas negociações decidiu apresentar um só candidato nas diversas circunscrições. Cá está, no meio do denso nevoeiro que nos envolve, uma boa notícia que deveria servir de inspiração a todo o mundo das esquerdas diversas.
Ao ex-dirigente da IL, saiu-lhe a sorte grande com a sua eleição para o Parlamento Europeu, passando a ver de longe as disputas internas em que o seu partido está envolvido bem como o peso de ter de decidir em matéria de apoios ao governo. Mas o senhor acordou bem disposto, numa manhã dada a comentários políticos, mesmo que de longe. Afinal não se podia distrair quanto ao seu aparecimento na imprensa. E vai daí deixou uma declaração desde logo repetida na habitual imprensa, de que estava contra a nomeação de António Costa para a presidência da Comissão Europeia. O homem tem todo o direito de ter opinião sobre todas as matérias, o que lhe falta nesta opinião como em muitas outras é explicar direitinho o que motivou tal opinião. Não conheço o passado deste senhor, nem antes da formação da IL dei por ele a fazer alguma coisa de utilidade pública. Gostava de saber porque já tinha idade para tal qual o seu posicionamento em matéria de combate à ditadura fascista que nos governou em mais de 40 anos.
Última nota. Não gosto que trechos do nosso hino sirvam de veículo para publicitar produtos da maior rede de distribuição alimentar.